terça-feira, 11 de março de 2014

A minha profissão: Contador de Histórias



A pedido do nosso grande amigo Fiacha, venho dissertar um pouco sobre a minha actual actividade profissional: Contador de histórias.

A contar histórias para adultos em Lisboa

  

A minha visão pessoal sobre esta arte milenar:

Existe um contador de histórias em cada um de nós. Se é verdade que o ser humano é mais que ADN, é o somatório das histórias que viveu ou conheceu, também é verdade que sente necessidade de as partilhar com o próximo. Por conseguinte, o ser humano é um contador de histórias nato, pois é a contá-las que comunicamos de forma apelativa uns com os outros. É através do tipo de histórias que contamos que cativamos aqueles que nos rodeiam, e é através do tipo de histórias que ouvimos que aprendemos e/ou escolhemos amizades, partidos, facções, religiões ou outras causas quaisquer.

Se todos somos contadores, o que separa um profissional do resto da população?

O que o separa é a sua capacidade de fazer acreditar o ouvinte numa história, por algum motivo, empresários, políticos e vendedores têm vindo a receber formação em storytelling (estrangeirismo que quer dizer exactamente contar histórias, mas que é usado para conferir-lhe seriedade e remover potenciais equívocos com os contos de fada infantis, depreciativamente designados por “histórias da carochinha”).

Mais que um educador, mais que um guardião do património cultural de um povo, sociedade ou civilização, um contador de histórias é um timoneiro. É aquele que conduz os ouvintes por uma viagem que começa na nossa realidade espaço-temporal, passa por um espaço-tempo diferente (passado, futuro, real ou imaginado) povoado por pessoas/seres fictícios ou não, e termina de novo na nossa realidade e, quando chega ao fim, o público tem a distinta noção que alguma coisa mudou.

Mesmo sem nunca nos termos deslocado no espaço, o nosso cérebro quando ouve uma história, se estiver devidamente cativado pelo contador, viaja e visualiza aquilo que nos é descrito ao longo do conto. O contador cria as condições para desenvolver um estado alterado de consciência. O público experimenta uma sensação de sonhar acordado, onde as mentes mais sugestionáveis vivem a aventura como se estivessem no conto. Já tive casos, em que os espectadores mais influenciáveis, ou imaginativos se preferirem, integraram literalmente o conto, encarnado personagens ou falando directamente com algumas delas, avisando-as dos perigos que corriam ou dos males que estavam prestes a cometer.


Aqui estou numa sessão infantil, acompanhado por uma menina do público a encarnar espontaneamente o gigante do João Pé de Feijão.

Mas para que esse grau de entrega do ouvinte ocorra, é necessário confiar no contador. Por isso, os profissionais mais bem sucedidos, antes de contarem as histórias, preparam o público antes dos contos, recorrendo a diferentes técnicas, mas todas com o mesmo objectivo, criar laços com os ouvintes. O êxito da história vai depender da capacidade do contador de histórias em estabelecer essa relação de cumplicidade, afinal, só contamos histórias, revelamos segredos ou novidades a quem confiamos mais, aos amigos e familiares, certo?

Ao fim de quatro anos a contar histórias e a dar formações na área, apercebi-me que no fundo, a história acaba por ser secundária. O mais importante é a relação que se estabelece com o público, a cumplicidade que se gera e nos permite perceber qual a história que mais lhes interessa ouvir e não a história que estivemos uma semana a preparar para lhes contar, pois muitas vezes, essa não está de acordo com o comprimento de onda que recebemos dos ouvintes. O contador não deve impor a história e deve sempre estar atento às mudanças de humor do seu público, sob pena de o estar a maçar e perdê-lo irremediavelmente. Assim, a história deve ser o mais orgânica e flexível possível, permitindo cortes ou acrescentos, consoante o feedback recebido da parte do público, sem, no entanto, destruir a essência da sua mensagem.

Existem vários tipos de contadores de histórias, várias escolas, várias filosofias, como em qualquer arte, contudo defendo que um contador não deve ser escravo do texto que cristalizou a história. Deve sim, ser um manipulador astuto, absorver a sua essência, revesti-la com o seu cunho pessoal e libertar a história no mundo com um novo encanto, com um estilo próprio que nos diferencia dos restantes contadores. Não somos escritores, nem moderadores de leitura, nem tão pouco actores, mas sim contadores, é uma arte distinta com as suas técnicas próprias, que podem partilhar alguns pontos em comum com as outras artes, mas que não se esgotam na literatura, leitura ou representação, por isso, não devemos ter medo de dar o nosso contributo pessoal. Quem conta um conto acrescenta um ponto, o nosso ponto de vista.

Como é a vida de um contador de histórias profissional:

O contador de histórias profissional é um artista que vive da sua arte, como qualquer outro artista. Existem, tal como os cantores ou actores, contadores que atingem o patamar de vedeta graças ao seu talento, singularidade e capacidade de gestão da sua carreira artística, frequentam festivais nacionais e internacionais, recebem várias solicitações de trabalho um pouco por todo o lado, fazem-se pagar bem pelos seus serviços e movem grupos de fãs incondicionais, assim, como também existem contadores desconhecidos que circulam em meios demasiado localizados, com pouca visibilidade e que recebem muito mal pelo seu trabalho.

Modo geral, os contadores de histórias profissionais, em início de carreira tem que trabalhar muito em troca de muito pouco, no máximo de locais que conseguirem, por vezes, até de graça, só para mostrarem e promoverem os seus talentos. Necessitam de bater de porta em porta e ter bastante auto-confiança, muita motivação e engenho para superar as sucessivas recusas (que serão muitas, pois para além do mercado ser bastante pequeno, fechado e competitivo, a crise veio trazer a desculpa perfeita para receber/exigir serviços de borla… ou quase).

Assim, com um panorama tão negro, a maioria dos contadores é forçado a ter mais que uma ocupação profissional, uma vez que o mercado nacional não é suficiente para o sustentar, a não ser que não se importe de ter uma vida espartana. Contudo, se forem perseverantes, profissionais, souberem promover-se e o trabalho apresentado for realmente bom, as solicitações começarão a surgir em maior número e o nome artístico acabará por ser divulgado e fixado e com sorte e jeito para o negócio, passarão a ser remunerados pelo que realmente valem.

O que os leva a contar?

Cada contador terá a sua resposta pessoal, eu poderei dar-vos a minha numa das minhas sessões de contos, ficam desde já convidados.

Mas de todos os motivos possíveis há um que me agrada particularmente e que uma pessoa mais sábia que eu ilustrou no conto tradicional passado em Praga que vos vou partilhar:

Era uma vez, um rapaz chamado Jacob que adorava histórias, em particular o efeito que elas exerciam em si: tinham o poder de o tornar uma pessoa melhor. Um dia, Jacob decidiu que podia mudar o mundo contando histórias. Determinado, saiu de casa, atravessou a ponte da sua cidade sobre o rio e chegado à praça principal, subiu para o banco que levava consigo e começou a contar histórias. Logo da primeira vez, Jacob cativou 30 pessoas, durante 15 minutos. Nada mal para primeiro dia! Com certeza que da próxima vez, iria conseguir cativar muitas mais.

No dia seguinte, saiu de casa, atravessou a ponte da sua cidade sobre o rio e chegado à praça principal, subiu para o banco que levava consigo e começou a contar histórias, mas desta vez, foram menos as pessoas que se desviaram das suas rotinas para o escutar e as que o fizeram, foi por pouco tempo. Nos dias que se seguiram foram ainda menos e por menos tempo, até que por fim, ninguém parou.

Mesmo assim, Jacob não desistiu de querer mudar o mundo e todos os dias regressava à praça principal para contar histórias do alto do seu banco. O tempo passou e Jacob deixou de ser um rapaz, o seu rosto enrugado pela longa exposição aos elementos, encobriu-se de longas barbas grisalhas e a sua voz cristalina ficou rouca e grave de tanto contar.

Um dia, porque chega sempre o dia, Jacob foi interrompido. Ao fim de tantas décadas a contar para si em voz alta no meio de uma praça, ignorado pela multidão que passava atarefada, Jacob atraiu a atenção de um menino que admirado, o abordou.

- Senhor, sois louco? Não vês que ninguém vos escuta?

- Sim, é verdade. – respondeu o velho com simplicidade.

- Se ninguém vos escuta porque continuais a contar histórias?

Ali estava um pergunta que atingiu bem fundo a alma do velho contador. Porque continuava ele? Jacob teve que parar um pouco para pensar.

- Bem, se antes contava histórias para mudar o Mundo, agora conto para que o Mundo não me mude a mim.


Assinado por: Rui Ramos - promotor do  projecto de narração oral "O Baú do Contador".

33 comentários:

  1. Oi Rui,

    gostei muito de seu texto, vc realmente tem vocação para ser contador de histórias. E acredito que vc seja muito competente no que faz, acrescento que acho sua profissão belíssima!!! Continue! :D

    Abraços!

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    1. Obrigado Amanda! Por falar em vocação, vou partilhar um segredo convosco (aqui que ninguém nos ouve):

      Antes de ser contador de histórias, fui Geólogo durante 12 anos, com mestrado e doutoramento. Trabalhei em investigação científica, em obras para barregens e túneis, nos tempos livres escrevia contos de FC/Fantasia/Horror e também desenvolvi dois projectos de banda desenhada (histórias aos quadradinhos) que me projectaram no mundo da BD em Portugal, mas certo dia, numa livraria no Porto, vi um flyer que anunciava um curso de contadores de histórias. Decidi tirar pelo gosto da aventura, sem grandes pretenções, longe de pensar que iria mudar a minha vida para sempre. Fui contador durante 3 anos por hobbie (trabalhava nas obras do metro e andava a terminar a tese de doutoramento e uma BD), até que num dia de sessões contínuas sem intervalos ou pausas, o meu cérebro sofreu uma alteração! Em pleno palco, durante uma sessão tive uma epifania! Descobri a minha vocação! Mais que geólogo, mais que escritor, mais que desenhador, tinha nascido para contar histórias! Nesse ano terminei a tese de doutoramento e fiz uma pausa em todas as minhas actividades para me dedicar apenas à narração oral e viver a grande aventura. E tem sido uma experiência sem igual: espalhar fantasias e encantos por essa estrada fora!

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  2. Olá Rui,

    Parabéns! E obrigada por nos mostrares um pouco da motivação que leva uma pessoa a tornar-se contadora de histórias :) O que falaste revejo muito no meu caminho… sim… biologia e contador de histórias têm uma coisa em comum… temos que trabalhar muito tempo sem receber (como apontaste) ou mesmo receber pouco, para continuarmos o que queremos… eu comecei assim também… com a ajuda dos pais pois o meu trabalho era o, vulgarmente conhecido como, voluntariado… e foi assim que comecei a minha carreira científica… e até hoje, essa parte continua não remunerada… e voluntária. Portanto compreendo-te na persistência e fico muitíssimo feliz por teres conseguido o teu objectivo.
    Muitos parabéns por teres conseguido ter resistido… e por não teres deixado que o mundo te mudasse!

    Beijinhos

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    1. Somos ambos cientistas, tu bióloga, eu geólogo. Espero que consigas vir a ser remunerada pelo teu trabalho como mereces e te sintas verdadeiramente recompensada por viveres os teus sonhos.

      Beijinhos,

      Rui Ramos

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  3. Olá Rui,

    gostei muito de ler o teu texto. Parabéns por seres contador de histórias, por partilhares esse património com os teus ouvintes e também connosco. Parabéns também pela perseverança.

    É assim que devemos ser, lutar por aquilo em que acreditamos, de que gostamos e que nos faz sentir bem, sentir vivos. É, sem dúvida, um profissão de extrema beleza.

    Obrigada por partilhares o teu testemunho. Continua a ser assim, como gostas e como és! É por isso que devemos lutar.

    É uma profissão que nem sempre é vista como tal, infelizmente, pois a sociedade esqueceu as suas bases e as suas culturas, para se dedicar a um mundo de consumismo e "modernidade". Se a sociedade soubesse que é nas nossas raízes que está a verdadeira modernidade, teria outra maneira de ver a realidade.

    Gostei muito de ler o que escreveste. Mais uma vez, parabéns! E eu sei como é importante contar histórias e como contá-las. Também gostei de ler que trabalhas tanto com crianças como com adultos. Muito bom.

    Beijinhos e boas histórias!

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    1. Obrigado pelas palavras de apoio.

      Contador de históriasnão é considerado profissão em Portugal, descobri-o quando fui colectar-me nas Finanças.

      A senhora que me atendeu perdeu o seu ar de funcionária cansada de atender os problemas do público e sorriu surpreendida e depois encantada. Não estava nada à espera.

      Procurou por contadores de histórias no seu computador mas não encontrou nada. A figura não existe. O mais próximo que há é artista/actor e foi assim que me colectou.

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  4. Viva companheiro,

    Antes demais agradecer-te o teres aceito o desafio e partilhares com os seguidores do blog o teu trabalho e pelo que vejo mais uma vez está a ser bem aceite a ideia, algo que só posso ficar satisfeito, pois penso ser por um lado bom para o blog esta variedade, bem como ajudar uma profissão tão desconhecida :)

    Como sabes já antes tinha feito uma mensagem que te era dedicada a elogiar a tua coragem, o fazeres o que mais gostas, mas penso que com este teu texto ficou muito mais interessante sem duvida.

    Como sabes já tive o prazer de assistir a uma sessão tua e realmente é necessário ter um certo dom e muita força, algo que tens sem duvida e foi um bom momento de convívio ;)

    E muito bom o conto que nos mostraste, excelente mesmo.

    Vejo que o fizeste com gosto logo muito obrigado e claro desejo-te as maiores felicidades :D

    Abraço e boas histórias

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    1. Eu é que agradeço pela oportunidade que me dás para partilhar um pouco daquilo que é esta vida de saltimbanco.

      Grande abraço e desculpa só estar a responder agora com mais calma, mas foi quando fiquei mais desafogado.

      Rui

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  5. Parabéns Rui gostei muito do teu texto. E o conto que nos apresentaste também é muito bonito. Representa um pouco da sociedade que temos. Pouco enxerga a sua volta. Dando pouca importância ao que a rodeia. É preciso é haver pessoas persistentes como o Jacob. Acredito que não deve ser fácil iniciar a carreira de contador de histórias. Porém tem tanto que se lhe diga. Acho que é preciso ter talento como quem tem para cantar. E criar um laço com os ouvintes. Acho que não é fácil.
    Desejo-te boa sorte.
    Bjs

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  6. Gostei muito do texto e acho essa profissão maravilhosa :D

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    1. Obrigado! Tens sido sem dúvida maravilhoso, em especial, a resposta do público e as amizades que tenho feito.

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  7. Só passei de fugida e portanto ainda não li, mas já estou curioso. Logo, com calma leio e comento.

    Um abraço

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  8. Olá amigo Rui,

    É com muito gosto e alegria que te vejo aqui a partilhar uma profissão fabulosa com todo o seu envolvente. Já tive a feliz oportunidade de assistir um pouquinho a estas sessões tão giras e divertidas e muito teria para dizer acerca do que senti, apenas que é como encontrarmos uma parte de nós perdida na infância, mas que não lhe pertence apenas, mas sim a todas as idades onde acreditar é imprescindível para vivermos de forma tão saudável, é lá que encontramos a felicidade, seja ela que forma tiver.

    É muito cativante a relação que se cria entre o contador e o ouvinte, a tua procura por satisfazer o que o público prefere ouvir ou que melhor consigam compreender/imaginar, por isso, tem de haver, certamente, grande espontaneidade e imaginação para ir contando a história conforme a reação do público.

    Gostei muito desta pequena passagem do Jacob.
    Verdade seja dita, que a maioria das vezes escrevemos para que subtilmente o mundo se transforme num lugar melhor e tudo começa por quem nele vive. Infelizmente, as pessoas são absorvidas por um dia-a-dia oculto em pensamentos e preocupações e por vezes não levantam a cabeça para espreitar o mundo que existe cá em cima. Não resolve os problemas, mas dás-lhes confiança e esperança.

    Outra verdade, é muito corajoso quando alguém se mantém firme nas suas convicções e não mudar só porque o mundo envolvente não cede às suas vontades, se está dependente de outras vontades escondidas.
    Gostei particularmente desta tua parte:

    Deve sim, ser um manipulador astuto, absorver a sua essência, revesti-la com o seu cunho pessoal e libertar a história no mundo com um novo encanto, com um estilo próprio que nos diferencia dos restantes contadores.

    Poderia ficar aqui a fazer questões e absorver o bom que é a tua profissão, mas qualquer dia quando nos voltarmos a encontrar falaremos.

    Obrigado desde já pela partilha.

    Beijinhos e boa continuação. Que tenhas muito sucesso ^_^

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    1. Fiquei feliz por teres podido assistir a uma das minhas sessões, pena não teres assistido à última desse dia que atraiu uma pequena multidão à entrada do museu em Óbidos (é um dia que guardo com especial carinho).

      Quando quiseres fazeres perguntas estás à vontade que terei todo o prazer em responder-te, em conversa ou por escrito.

      Beijinhos e obrigado pelo apoio,

      Rui

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  9. Olá Rui
    Gostei muito da tua apresentação desta fantástica profissão que é o contador de histórias. Dás-nos uma visão clara de como este mundo é verdadeiramente fascinante, mas eu sou suspeita :D
    Somos todos contadores, concordo contigo, mas algo faz com que para uns o clik seja verdadeiramente "revolucionário" e que os leve a assumir o mundo das histórias a 100% como é o teu caso.
    A verdadeira questão é: o que é este clik ? como é que ele é despoletado? e porque dá a uns e não a outros?
    Na minha opinião, claro, este clik dá em pessoas que têm um bichinho das histórias muito desenvolvido no seu interior, mas que em determinada altura têm a sorte de cruzar com alguém que através da sua magia dá vida a esse bichinho, alimentando-o com histórias, sorrisos e magia.
    Depois é só colocá-lo no mundo e deixá-lo crescer.
    Eu tive essa sorte de encontrar esse alguém pelo meu caminho e só posso dizer: obrigado Rui pelo contador fantástico que és e pelo Amigo que te tornaste :)
    Que a magia continue sempre a iluminar o teu caminho e a rasgar sorrisos nos rostos de todos os que te ouvem.
    beijinhos e muito sucesso

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    1. Cara amiga São,

      Apenas limitei-me a apontar uma porta que já existia, o mérito foi todo teu por teres tido a coragem de a abrir e atravessar.

      Fico mesmo muito feliz por fazeres parte deste mundo de encantos e espantos. É um mundo que nos muda. Hoje sou um melhor ser humano graças a esta actividade que exige um contacto tão directo com outras pessoas.

      Sinto que era a peça que te faltava para venceres os teus medos e realizares-te como pessoa. Desejo-te muito sucesso e felicidade.

      Beijinhos

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  10. Obrigado pelas vossas palavras de apoio e carinho, valem ouro para mim. Grande abraço.

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  11. Olá Rui

    Gostei bastante do teu texto e de como não "fugiste" ao lado "negro" da tua profissão, pois nem tudo é glamour e para quem quer seguir, como tu, está actividade, fique desde já avisado.

    Espero um dia deste ter o privilegio de assistir a um espectáculo teu.

    Um abraço e boa sorte

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    1. Obrigado caro amigo,

      Tudo tem o seu lado negro, mas são as dificuldades do caminho que tornam tão especiais os momentos bem sucedidos. Se não, era tudo amorfo e sem interesse ou magia.

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  12. "Ao fim de quatro anos a contar histórias e a dar formações na área, apercebi-me que no fundo, a história acaba por ser secundária. O mais importante é a relação que se estabelece com o público, a cumplicidade que se gera e nos permite perceber qual a história que mais lhes interessa ouvir e não a história que estivemos uma semana a preparar para lhes contar, pois muitas vezes, essa não está de acordo com o comprimento de onda que recebemos dos ouvintes. O contador não deve impor a história e deve sempre estar atento às mudanças de humor do seu público, sob pena de o estar a maçar e perdê-lo irremediavelmente."

    Acho que está tudo dito :) Gostei muito do que li, e desejo-te a maior sorte do mundo para a continuação de tão nobre profissão :)

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  13. Olá Rui,

    Estamos sempre a aprender, pois por mais incrível que pareça não sabia que existia esta profissão.
    Acho que deve ser uma profissão fantástica quando se conta histórias às crianças e elas ficam com os olhos a brilhar de excitação.
    Eu identifiquei-me bastante com o teu texto quando escreves, e passo a citar: "Mesmo sem nunca nos termos deslocado no espaço, o nosso cérebro quando ouve uma história, se estiver devidamente cativado pelo contador, viaja e visualiza aquilo que nos é descrito ao longo do conto. O contador cria as condições para desenvolver um estado alterado de consciência. O público experimenta uma sensação de sonhar acordado, onde as mentes mais sugestionáveis vivem a aventura como se estivessem no conto. Já tive casos, em que os espectadores mais influenciáveis, ou imaginativos se preferirem, integraram literalmente o conto, encarnado personagens ou falando directamente com algumas delas, avisando-as dos perigos que corriam ou dos males que estavam prestes a cometer."
    Pois é o que me acontece quando estou a ler um livro que me cativa, acho que nisso estas duas ocupações têm isso em comum.

    Espero que tenhas muito sucesso.

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    1. "Estamos sempre a aprender, pois por mais incrível que pareça não sabia que existia esta profissão."

      Pois há 4 anos atrás (faz em Dezembro 5), também não imaginava que alguém pudesse ganhar dinheiro a contar histórias. Estamos mesmo sempre a aprender.

      Outra coisa que aprendi: por vezes, os adultos gostam mais das sessões que as crianças! Com os adultos podes brincar com palavras de duplo sentido que as crianças ainda não atingem.

      Eu gosto particularmente de sessões para famílias com públicos de todas as idades, a sensação de comunidade intergeracional é maior. Adoro quando o público é participativo e intervem construtivamente na história. Gosto de promover e provocar essas intervenções.

      Obrigado pelo apoio, beijinhos,

      Rui

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  14. Olá Rui. :)

    Gostei muito do teu texto e de conhecer um pouco melhor a tua experiência enquanto contador de histórias. Acredito que seja preciso muita força, perseverança e paixão por aquilo que se faz, para se conseguir vencer neste ramo, e também por isso te dou os parabéns. :)

    Fiquei curiosa por um dia de te ouvir a contar as tuas histórias e fica prometido que se me for possível um dia te ouvirei. :)

    Boa sorte e sucesso neste teu percurso.

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    1. Obrigado Rita pelos votos, terei todo o gosto em receber-te numa das sessões de contos.

      Paixão e vontade de contar são as palavras chave para mim.

      Beijinhos

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  15. Uau!! Que profissão tão interessante e apaixonante!! :D
    Adorei o post! Muito sucesso!

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  16. Rui, adorei esta tua partilha!

    É fantástico esse saber, esse talento tão mágico e tão humano de poder, nem que seja por momentos, nem que seja de forma discreta, mudar os sentimentos de alguém que se deixa conduzir nessa viagem de que falas.
    É uma jornada que vale sempre a pena, e as aprendizagens conseguidas podem ficar e, de algo ao inicio pequeno, transformar-se em algo maior.
    E é engraçado, com este post fizeste-me lembrar a escritora Juliet Marillier, que me é tão cara, e também ao nosso amigo Corvo. Isto porque foi numa entrevista dela que vi, pela primeira vez, a expressão "storytelling" - para ela é uma espécie de arte milenar, é vista como um dos pilares das civilizações humanas, quer pela transmissão cultural e de valores, quer por essa viagem e possíveis vidas paralelas e transformações. Ela valoriza a arte de tal maneira, que não só vai buscar a inspiração para muitos dos seus livros aos contos tradicionais, como, mesmo dentro de muitos dos seus romances, há um solene e mágico momento em que as personagens se reúnem em redor de um contador de histórias, seja ele um druida/ mulher sábia, seja mais informal, como um dos membros da família.
    Esta tua excelente partilha veio não só satisfazer uma certa curiosidade sobre o dia-a-dia de um contador de histórias, como lançar um nova luz sobre os momentos de todos esses livros da Juliet. :)

    Obrigada, e continuação de um bom trabalho! :)

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    1. Antes da escrita havia a fala e era falando que se contavam as grandes sagas dos heróis e dos mitos da criação e das aventuras e desventuras dos deuses.

      Muitos dos contos tradicionais que conhecemos são resquícios de rituais de iniciação que foram sendo disfarçados, alterados e moldados ao longo de milénios de constantes e continuadas recontagens.

      A Juliet é sábia em reconhecer o valor da narração oral.

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  17. Tão bom!! Conheci mais um contador de histórias ;)

    Parabéns pelo teu trabalho Rui.
    Eu admiro muito a tua arte e adorava um dia ser uma contadora e cantadora de histórias!! Claro que por enquanto não passa de um sonho, mas pessoas como tu inspiram-me. Não posso deixar de sonhar e com trabalho tudo se consegue.
    Adorei o conto que nos deixaste! =) Obrigado
    Muito sucesso com o teu trabalho e nunca deixes de espalhar emoções.

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    1. Catia, antes de mais obrigado pelo apoio.

      Se queres ser contadora de histórias aconselho-te a frequência de um curso de contadores de histórias, são excelentes para expor o diamante em bruto que se esconde em cada um de nós.

      Se quiseres mesmo ir para a frente, diz-me que posso dar-te alguns conselhos. :)

      Bjs

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  18. Olá Rui,

    Desde cedo que me familiarizei com a tua profissão. Aqui por Beja sempre tiveram o hábito de, na biblioteca municipal, organizarem sessões de contos e lembro-me de em pequena ouvir o Jorge Serafim, numa magnífica gruta mágica.

    Não sei se já estiveste presente, mas espero ouvir-te futuramente no próximo Palavras Andarilhas.

    Beijinhos e continuação de um bom trabalho! ^^ *

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  19. Olá lady hélène,

    Adoro Beja e as suas gentes. TEnho um cantinho do coração reservado para a malta de Beja. Participei durante uns 4 anos no festival de BD e em 2012 fui pela primeira vez ao Andarilhas: adorei! Também assisti a duas sessões do Serafim, o homem é genial! Foi também em Beja, nas Andarilhas que frequentei o curso Rodolfo Castro e cimentei a vontade de ser contador. Depois desse curso, senti-me apto para viver só desta arte.

    Quem sabe este ano não nos cruzemos nas Andarilhas, se não forem canceladas.

    Até lá bjs e obrigado pelo apoio

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