terça-feira, 23 de julho de 2013

Saga o Mago a Filha do Imperador de Raymond E. Feist e Janny Wurts



Mara era apenas o membro mais novo de uma família nobre. Nunca esperou que a súbita e chocante morte do irmão e do pai pudessem trazer-lhe tamanha responsabilidade. Apesar do seu sofrimento, cabe-lhe a tarefa de vestir os mantos da liderança e enfrentar as dificuldades. Mas embora inexperiente na arte política, Mara terá de recorrer a toda a sua força e coragem, inteligência e astúcia, para sobreviver no Jogo do Conselho, recuperar a honra da Casa dos Acoma e assegurar o futuro da sua família.

Opinião:


Tentando ser algo resumido, tenho a dizer que este livro foi sem duvida uma agradável surpresa, pois o escritor mesmo estando dentro do universo dos livros anteriores, não recorreu aos seus personagens chave e ainda assim conseguiu um dos melhores livros que li até ao momento, ficando na duvida se será o inicio de uma nova saga, mas que funciona bem como livro único.

É recorrente ver criticarem os livros de Fantasia, vazios de "intervenção", algo que se verifica mais em livros de FC, onde existe uma luta, por exemplo, do que é antigo versus uma mentalidade mais progressista, de evolução, onde as pessoas pensem por si, que lutem contra o sistema implementado, novas mentalidades. Este é um livro que prova que também na Fantasia existem livros de "intervenção" e com forte componente politica, ou pelo menos até onde chegam os políticos e o governantes para atingir os seus objetivos.

rico em personagens interessantes e bem construídas, em especial Mara a protagonista do livro, um enredo que nos deixa sempre em suspense, onde conhecemos uma sociedade mais oriental e todos os meandros politicas características deste região e claro com uma escrita já habitual.

Um livro que só posso recomendar e que tenho a certeza que não irá desagradar aos leitores do escritor, pelo contrario acabamos por ficar ainda mais seu admirador e a suspirar por ler mais livros seus. 

Muito bom.

sábado, 13 de julho de 2013

A Oeste do Éden de Harry Harrison


Sinopse:


«Quando os dinossauros governavam a Terra...». Pois A Oeste do Éden ainda governam. 

A catástrofe cósmica que os exterminou há 65 milhões de anos nunca chegou a acontecer. O grande cometa nunca caiu, nunca chegou a provocar aquilo a que, no nosso universo, Carl Sagan chamaria Inverno Nuclear. A permanência de condições climatéricas indefinidamente estáveis permitiu que os grandes répteis continuassem a evoluir, com o cérebro sempre a aumentar, o polegar a tornar-se oponível, até culminarem nas Yilanè, a raça sauróide mais inteligente da Terra. A sua complexa civilização, baseada em sofisticadas técnicas de engenharia genética, transformou se num milagre de estabilidade social e integração ecológica. Fez surgir cidades «orgânicas» por toda a África, Europa e Ásia. Modificou todos os ecossistemas à sua imagem e semelhança. 

Subitamente, pressões climatéricas, o advento de uma microidade glaciar, fazem diminuir radicalmente os recursos energéticos e alimentares. Sob a ameaça do extermínio total da sua civilização, as Yilanè são forçadas a explorar o que designamos por oceano Atlântico e a colonizar o Novo Mundo. 

E ali, nas costas da Florida, dominando o topo de um ecossistema incompreensível, encontram uma espécie desconhecida de mamíferos inteligentes, agressivos, selvagens. Mamíferos que se deslocam erectos, assentes nos dois membros posteriores, que possuem o dom da palavra e se servem de utensílios rudimentares de pedra. Mamíferos que odeiam instintivamente toda e qualquer yilanè. Um ódio que é recíproco...

Opinião:

Depois de me recomendarem a compra deste livro (alguém entendido em FC) e dos comentários efetuados pelos amigos Marco Lopes e Caminhante, nos seus blog (que estivemos para ler em leitura conjunta num grupo do FB) este era um livro que tinha imensa curiosidade em ler, até porque, a FC embora seja um género literário que não seja do que mais leio, desde que li Duna do Frank Herbert, já me proporcionou a leitura de bons livros e a descoberta de novos autores que se revelaram verdadeiras pérolas no género e graças a isso tenho imensos livros para ler e escritores novos por descobrir graças muito à coleção argonauta que não me canso de elogiar.

Este livro faz-me em certa medida lembrar-me a saga os Filhos da Terra de Jean Auel, embora seja, muito mais desenvolvido, melhor fundamentado e muito mais complexo.

Tal como em Duna do Frank Herbert, muitos são os temas de interesse desenvolvidos, desde aspetos ecológicos, da ciência para o desenvolvimento da sociedade, entre outros.

Tal como é referido na sinopse, acabamos por seguir o confronto entre duas sociedades, uma mais desenvolvida, os yalanè (seres inteligentes e que com a necessidade de procurar locais mais propícios para habitarem, acabam por ir para um local onde habitam os Tanu, seres mais habituados ao frio, mais selvagens, mais simples na sua forma de viver, nómadas e que não tem tantos conhecimentos como os yalanè).

E é com o desenrolar dos acontecimentos que acabamos por verificar a construção de uma cidade das yalanè (lagartos, mas muito inteligentes), no território dos Tanu (humanos) que acabamos por ver a destruição de um clâ onde apenas uma pessoa sobrevive tornando-se prisioneiro, com apenas 8 anos, que acaba por aprender a viver com as yalané a sua linguagem e modo de vida, vivendo com estas vários anos até que a presença de outros Tanu acaba por dar um volte face no enredo.

Muito podia destacar deste livro, desde a riqueza de personagens, à escrita, que embora no inicio nos obrigue a consultar os termos no final do livro (pois é utilizada uma linguagem própria de cada raça), acabamos com o decorrer da leitura do livro de o deixar de fazer, à riqueza e criatividade do universo criado, que tal como já referido aborda imensos temas interessantes, já se falava em ADN e mutação de animais para servir os interesses das yalanè, isto numa fase em que o fogo ainda quase era desconhecido, para muitos povos, logo só por aqui podem ver a complexidade do enredo.

Não querendo desenvolver muito mais sobre o enredo, até para não efetuar spoilers, devo dizer que foi dos melhores livros que li de FC, que funciona bem como livro único embora seja o primeiro de uma trilogia que não viu a continuação publicada por cá e que devem pesquisar pois o livro é barato e acaba por ser uma leitura altamente viciante.

Mais um pequeno diamante de FC, um género que espero explorar mais e melhor, pois tem-me proporcionado grandes momentos de leitura, recomendo vivamente ;)

10/10

quarta-feira, 3 de julho de 2013

A voz dos deuses de João Aguiar





Sinopse:


Em 147 a.C., alguns milhares de guerreiros lusitanos encontram-se cercados pelas tropas do pretor Caio Vetílio. Em princípio, trata-se apenas de mais um episódio da guerra que a República Romana trava há longos anos para se apoderar da Península Ibérica. Mas os Lusitanos, acossados pelo inimigo, elegem um dos seus e entregam-lhe o comando supremo. Esse homem, que durante sete anos vai ser o pesadelo de Roma, chama-se Viriato. Entre 147 e 139, ano em que foi assassinado, Viriato derrotou sucessivos exércitos romanos, levou à revolta grande parte dos povos ibéricos e foi o responsável pelo início da célebre Guerra de Numância. Viriato foi um verdadeiro génio militar, político e diplomático.

Mas, sobretudo, foi o defensor de um mundo que morria asfixiado pelo poderio romano: o mundo em que mergulham as raízes mais profundas de Portugal e de Espanha. É esse mundo, já então em declínio, que este livro tenta evocar.

Opinião:

Este foi dos melhores livros que li até hoje de romance histórico, o melhor sem duvida escrito por um escritor português e sobre um período curto, é verdade, mas importante do passado do nosso pais.

Surpreendido com a rapidez com que o li, julgo ter lido em apenas dois dias e só tenho a agradecer à amiga Caminhante a recomendação da leitura deste escritor que sem duvida tem imensa qualidade. Só de pensar que comprei este livro por 1 ou 2 euros, leva-me a pensar que vale a pena procurar bem nas feiras do livro e ser paciente.

Penso que o resumo do livro retrata bem tudo o que o livro tem para oferecer, logo não vou estar a comentar muito mais sobre o mesmo, até para não fazer grandes spoilers. Na parte inicial conhecemos Tongio, um jovem que será um dos personagens principais, vindo a tornar-se amigo de Viriato e posteriormente um dos seus braços direitos.

Interessante pelo rigor histórico apresentado algo que nos é explicado no final do livro, com um ritmo forte onde existem vários combates e nunca são descritos de uma forma muito descritiva, excelente nesse nível, muitos pormenores de qualidade com acontecimentos que nos surpreendem e claro as personagens são muito bem desenvolvidas e que mal as conhecemos melhor acabamos por nos tornar suas amigas. Penso que as descrições estão muito boas, parece que estava a "viver" os acontecimentos no momento em que decorrem e claro acabamos por conhecer mais sobre a nossa história, muito bom mesmo.

para quem como eu já leu muitos livros sobre o Império Romano, sabe que a sua grande força era mesmo o seu rigor de combate e claro que custa acreditar que tenha existido alguém que tenha conseguido massacrar tantas legiões, tipo 5.000 experientes militares romanos apenas num combate, mas de facto só nos faz admirar mais o grande homem que nos é apresentado pelo escritor.<

Adorei ver aqui vários nomes de personagens importantes do Império Romano, pena Sulla só ter sido referenciado  mas foi bom rever vários nomes que tantos bons momentos já me proporcionaram e vê los agora em ação contra Viriato foi bom :)

Grande livro, um escritor que quero obviamente ler mais livros e que recomendo a todos, não percam este grande romance histórico onde a base é a luta de um lusitano contra a invasão dos romanos à Península Ibérica ;)

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Os Trilhos de Boma de Pedro M. Rodrigues (Chiado Editora)



Sinopse - Os Trilhos de Boma - A Viagem Interminável 


Pode alguém fugir a um destino que lhe pertence e fugir dele como se de uma sentença mortal se tratasse? Pode alguém desafiar os grilhões do destino e enfrentá-lo através da sua força de vontade? Pode alguém sucumbir perante as forças inseparáveis dos nós que unem o tempo, formando a correia de acontecimentos imparáveis que o levará ao destino que o espera? Uma princesa que foge do seu irmão sangrento e do seu marido arrogante, iniciando uma guerra fraticida. Uma princesa que carrega dentro de si a génesis da discórdia, e o início de um destino que irá marcar gerações atrás de gerações. Uma viagem interminável, por entre os trilhos silenciosos e sombrios de Boma, que encerra dentro de si o destino de um único rapaz, de um único ser que irá reunir os reinos desavindos. Um rapaz que luta contra o seu destino, uma rainha que luta contra o sofrimento do segredo que carrega dentro de si, um príncipe herdeiro sedento pela glória eterna do destino que o persegue, uma pequena princesa que vive no seu próprio mundo, esperando pelo dia em que se irá revelar. Três anciões que percorrem as eternas terras dos três reinos, prolongando a inevitabilidade do tempo e formando a redoma protectora do acontecimento que mudará, para sempre, a vida de todos os homens. Três reinos, três histórias que se unem através das mesmas palavras, do mesmo poema, da mesma lenda que espera pela noite que se transforma em dia, para revelar o sonho profundo de um povo perdido nas agruras do tempo. Um destino único, um destino fatal, criado pela teimosia inglória de um coração ingenuamente apaixonado pela utopia da história perfeita de uma vida.

Opinião:


Este primeiro livro, da trilogia, foi dividido em duas partes que correspondem a dois livros, chegando a um total de mais de 900 páginas no seu conjunto. 

Gostei do universo criado, o escritor escreve bem, demonstra imenso potencial, sendo o enredo bem desenvolvido, as personagens são interessantes e a escrita viciante.

A sinopse resume bem o enredo principal. Acompanhamos o desenvolvimento da história em dois momentos: a demanda da princesa que origina uma guerra entre reinos e que acaba por se ver forçada a partir para as montanhas de Boma, local que acaba por ser totalmente desconhecido e misterioso, e por outro lado seguimos, no momento atual, um príncipe sobre o qual recai uma profecia que, segundo esta, um dia ele irá unificar os três reinos existentes, algo que o mesmo desconhece, mas que vai tendo conhecimento pelas várias pistas que lhe vão surgindo sobre a profecia.

Como já referi gostei dos livros, li de uma forma muito rápida. As personagens bem misteriosas deixam-nos desejosos de conhecer os seus segredos, os seus objetivos, como irão ser desenvolvidos e claro existem sempre vários mistérios por desvendar os quais nos deixam sempre presos ao enredo.

No entanto existem pormenores que, a existirem, tornariam este primeiro livro bem melhor. Por exemplo, dado que o enredo se passa em vários reinos, seria bastante útil um mapa, mesmo que muito simplificado, para podermos perceber melhor os locais dos acontecimentos. Na minha opinião, um livro seria suficiente, uma vez que muitos dos momentos descritivos, são, em alguns casos, necessários é verdade, mas noutros casos nem por isso. A personagem principal do enredo não é cativante, é verdade que é um miúdo, mas caramba custa assim tanto perceber que não lhe pode ser revelado um segredo, ou que ainda não é o momento? Tanta birra com a sua mãe e o seu mestre (duas excelentes personagens por sinal). Por outro lado, algo que estranhei nos livros e, ai não estou a dizer que seja alguma falha, mas sendo a espada e o arco as principais armas que vemos, então já existia a bomba nessa altura? É que por duas vezes foram utilizadas, sinceramente estranhei um pouco, não pelo momento proporcionado, muito bem desenvolvido, mas pela arma em si, penso que pelas descrições, da época, não devia ainda existir.

De um modo geral é um bom inicio de trilogia, alguns aspetos, acredito, irão ser melhorados mas quanto ao resto penso já ter referido, um escritor com muito potencial, que criou um universo que nos deixa ansiosos por ler mais, sem duvida.