quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Pavana de Keith Roberts

Sinopse

E se, em 1588, a bala de um assassino pusesse fim ao glorioso reinado da rainha Isabel de Inglaterra? A partir desse momento toda a história do mundo seria diferente. A Invencível Armada de Filipe II invade as ilhas britânicas. Os reis católicos tornam-se senhores incondicionais de Inglaterra. A Igreja Anglicana tomba por terra. Mais tarde, a Revolução Industrial é estrangulada à nascença. Os Papas ordenam autos-de-fé para reprimir os embriões da tecnologia, cessando assim todo o progresso científico. E o frenesim da história transforma- -se numa lenta Pavana que agoniza através dos séculos. Mas, algures, uma mão cheia de revolucionários, artistas e homens de ciência, combatem pela salvação ou ruína da espécie humana.



Confesso-vos que quando iniciei a leitura deste livro, esperava algo diferente, mas página após página, fui entrando num mundo desconhecido, que me seduziu pelas suas descrições, pelas suas histórias perfeitamente escritas e que se interligam na sua independência.

“Pavana” é um mosaico de histórias, um mosaico de vidas e gerações que nos falam de uma Inglaterra completamente diferente daquela que conhecemos hoje. Uma Inglaterra que viu a sua rainha Isabel I assassinada, a queda da reforma protestante e a ascensão da igreja católica que controlava metade do mundo.

Em pleno século XX (a história começa em 1968), o desenvolvimento tecnológico é praticamente inexistente, sendo considerada como heresia qualquer tentativa de desenvolvimento de outras tecnologias para além da energia a vapor. A Inquisição está forte e o sistema feudal bem vivo!

A primeira história apresenta-nos Lady Margaret (uma locomotiva a vapor) e a família Strange. O negócio de família permite que criar uma grande riqueza, com as suas locomotivas transportam mercadorias para todos os pontos do país.

A segunda história dá-nos a conhecer a Guilda dos Sinaleiros através de Rafe Bigland, uma aliança muito forte, uma irmandade que trabalha fora da alçada da igreja,.

O irmão John, na terceira história, apresenta-nos um monge que é chamado para um trabalho muito especifico: desenhar o que vê durante o funcionamento interno da inquisição, as torturas, os inquéritos. Estes acontecimentos levam-no a repensar a sua vida e a aliar-se aos rebeldes e ganhar a inimizade com a igreja.

Novamente a família Strange, numa outra geração, traz-nos uma quarta história que prepara o terreno para o desenlace final. O sentimento de liberdade de uma jovem é o tema da quinta história e de novo a família Strange preenche os capítulos seguintes até ao final do livro.

As personagens são muito humanas, com as suas fragilidades, aspirações, hesitações, dando-nos conta de quão frágil é o ser humano.

As histórias podem ser lidas de forma quase independente, ilustrando momentos da vida neste mundo controlado pela igreja. Mas a narração adquire a sua força pela justaposição de situações, personagens e eventos.

A comunicação assume um papel importante neste mundo sem progresso, no capítulo dois é escrito em detalhe a estrutura e a gestão das “luzes sinaleiras” , bem como a longa preparação na arte de codificar e descodificar as mensagens que são enviadas e recepcionadas em cada torre. A Irmandade dos sinaleiros, criou as regras e os sinais de um sistema único em que só quem pertence a esta irmandade o pode fazer. Em qualquer mundo desenvolvido, a comunicação é um dos factores chave para esse desenvolvimento e progresso, um fluxo difícil, hermético e subsequentemente controlado de mensagens é o primeiro sinal de uma sociedade que nunca poderá vir a modernizar-se e a evoluir.

No entanto, paralelamente, vimos a descobrir que estes “irmãos sinaleiros” têm um outro método para comunicar, muitíssimo mais rápido, através de terra ou mar e que está sem dúvida ligado a outras ciências ocultas, como por exemplo a magia.

Surge então um outro mundo paralelo à história central de Pavana, um mundo da antiga religião, o mundo das fadas, “as pessoas pequenas” que vivem nas florestas, mas que surge de uma forma muito subtil, sem que se perceba muito bem qual o papel directo deste seres. São elas a ligação com o feminino, para além da sua ligação à irmandade dos sinaleiros? Serão as mulheres um sinónimo de rebelião? É delas que nasce a força para a mudança?

A linguagem é lenta e as descrições são pormenorizadas, criando um ritmo que para alguns poderá ser considerado monótono. Não há acontecimentos surpreendentes e que nos arrebatam no meio da leitura. Keith Roberts escreve num tempo próprio, em que a narrativa aparece imbuída de um certo fatalismo, em que os personagens não parecem donos do seu destino, há uma força na história que os controla e a igreja que controla tudo.

No último capítulo “Coda” tudo se resolve, é a reviravolta, o desenlace de todas as outras histórias que estão interligadas quer no tempo quer nos personagens.

Não é difícil alongar-me neste comentário sobre Pavana, pois há muito por dizer. No entanto acho que não o devo fazer. É um livro que se descobre em si mesmo, tem de se ler nas entrelinhas e no que está por detrás do enredo principal, pois se não o fizermos, poderemos ter a sensação de estarmos a ler um livro sem nexo e com personagens e histórias que nada tem a ver umas com as outras.

Keith Roberts foi, na minha opinião, bastante ambicioso com este livro, no entanto terá conseguido atingir o seu objectivo final? Não sei responder… Para mim, é um livro muito bom, muito bem escrito, de uma forma subtil que despertou todos os meus sentidos na sua leitura, pois tem de se ler o que está na conjugação das palavras e frases e o que não está.

Há um toque de magia muito ténue e subtil por detrás de tudo, até na forma como o lemos.

Recomendo? – perguntam-me vocês. Também não sei responder… ou seja, eu recomendo, mas sei certamente que muitos acharão uma grande seca! Não esperem grandes acções ou movimentações, leiam-no desprovidos de expectativas e leiam nas entrelinhas, na escrita fantástica de Keith Roberts e gostarão certamente como eu gostei (assim o espero…).

Para quem quiser aventurar-se por este mundo de Keith Roberts, pode aproveitar o excelente preço da SDE, apenas 4,5€ no site:
http://www.saidadeemergencia.com/produto/pavana/

Podem encontrar este comentário no meu blogue folhas do mundo
A Caminhante

64 comentários:

  1. Olá amiga Caminhante,

    Bem pelo que deduzo estamos na presença de um livro excelente, mas que pode para muitos ser considerado algo descritivo e sem muita ação, compreendo perfeitamente a observação.

    Verdade seja dita que um bom livro é sempre um bom livro e como tenho forma de o poder ler, seguramente será o que irá acontecer, mais cedo ou mais tarde :)

    Excelente comentário, mais um ;)

    Bjs e obrigado pela partilha do comentário aqui no blog :D

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    1. Percebeste a mensagem, Fiacha. é pena que muitos não consigam gostar de um livro só porque este não tem acção a todo o momento. É um livro que nos obriga a pensar, a estar atentos e a desfrutar uma excelente escrita.
      Deves mesmo ler :)
      Obrigado pelas tuas palavras
      Bjs e sempre ao dispor amigo :)

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    2. Posso ate vir a não gostar, mas a experiência vai-me ensinando que podemos estar na presença de um bom livro mesmo sendo algo descritivo e sem muita ação, recordo-me por exemplo que o Simmons por vezes é descritivo e eu adoro :D

      Eu é que agradeço a ajuda ;)

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  2. Gostei, cara Caminhante.

    ( A meio da leitura, e pensando tratar-se de um "post" do amigo Fiacha cheguei a temer que tivesse batido com a cabeça nalguma rocha da praia de Moledo, pois estava a criticar um livro de...contos..ehehe...e depois lembrei-me que o Fiacha frequenta praias mais a sul!)

    Os chamados livros "secantes" a que te referes por oposição aos "outros" livros secantes (a que não te referes!), serão todos aqueles que sendo medianamente ( por vezes) descritivos, não tendo carradas e carradas de acção ( têm algo mais subtil e indefinível, porventura ),e outros não menos notáveis focos de interesse, nomeadamente o seu poder de efabulação e de "sugestão".

    Este "Pavana" é um óptimo exemplo de um conjunto de histórias que se interligam para "sugerir" algo mais vasto, a partir de uma Inglaterra que seguiu um caminho alternativo.

    Depois deste nada como prosseguir para o " E Tudo o Tempo Levou" de Ward Moore e " O Império do Medo" do Brian Stabeleford (um romance com vampiros que demonstra cabalmente como não se deviam escrever os "outros" livros com vampiros!) , e tantos outros autores e excelentes romances, que tenho a certeza o João Barreiros vos poderá recomendar, em maior quantidade e de melhor modo do que eu!..ehehe..
    Eu pela minha parte nutro peculiar apreço por "The Separation" do Christopher Priest, romance infelizmente nunca publicado em Portugal, e a que não falta acção, descrição, sugestão, evocação, alucinação e desorientação, e outras acabadas em "ão", como por exemplo "superlativo"..ehehe

    Se desejarem "descobrir" um Keith Roberts "mais" ligeiro" e com mais acção existe um livrinho publicado na Argonauta "Vieram do Espaço", em tom mais catastrófico e horrorífico, mas só para grandes apreciadores de mel e Abelhas!
    E também, claro, do John Wyndham e do H. G. Wells.

    Ubik

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    1. lol Ubik só tu :D

      Bem ficam aqui mais umas suguestões tuas e acho que tenho forma de arranjar o Império do Medo do Brian Stabeleford, pelo que percebo um livro muito bom com vampiros, tenho que ver se falo com uma certa Caminhante

      Abraço e a ver se vens este ano ao Forum Fantástico, sempre estamos um pouco com o Barreiros :D

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    2. Olá Ubik
      Satisfeita por teres gostado :)
      é de facto um livro que gostei muito, por tudo o que disse e por muito mais que há a dizer, porque nestes livros há sempre muito a dizer.
      Quanto ás tuas sugestões, irei registar "E tudo o tempo levou", e quanto ao "Império do Medo" tenho-o cá em casa para ler, mas confesso que vampiros... não é propriamente um tema de que eu vá rapidamente atrás e por esse motivo ainda está por ler (gostei do clássico Dracula do Bram Stoker e do Historiador de Elisabeth Kostova) mas um dia deste leio-o, prometido.

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  3. Li o Pavana há uns anitos e a ideia que fiquei: é um livro difícil de digerir, um livro que obriga a alguns conhecimentos históricos para melhor compreensão e um livro que dá muito pouco daquilo que sugere. Mas no final, as histórias acabam por fazer sentido. Mas não é sem dúvida uma leitura recreativa e claramente só foi publicado cá porque a tradução já existia e de alguma forma a SdE adquiriu os direitos a preço de saldo.

    Disseste que os capítulos (ou partes) podem ser lidos como contos separados - tenho noção que foi assim mesmo que eles apareceram, uma prática muito corrente na FC.

    Não o recomendo, porque gosto de (trepidantes) aventuras, mas ainda assim é um bom livro.

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    1. Não sabia que tinha sido inicialmente publicado por capítulos/ partes/ "contos", mas é um livro que se presta a isso.
      Percebo o teu ponto de vista e precisamente porque sei que há muitos leitores que preferem mais acção, vai ser difícil que alguns o leiam. Há que respeitar os gostos de cada um ...

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  4. Olá pequenada. De facto estamos perante de um dos mais famosos clássicos da FC moderna. Keith Roberts é um génio- mas raras foram as vezes que escreveu romances, preferindo os "mosaicos". Psvana, como o próprio nome indica, é uma dança medieval, lenta, morosa, cheia de mesuras e contra mesuras. É natural wue o ritmos da obra, poético, intimista, cerebral, acompanhe o processo. Pavana é mais um fos livros wue eu publiquei antes da Limites ser assassinada pelos Editores e pela indiferença dos leitores. Se quiserem ler outro libro do Keith Roberts no mesmo estilo e sinda melhor do que este, please, please, please, não percam o Kiteworld.
    Há contudo dois pontos que tenho a realçar e que a Caminhante não incluiu na sua aliás excelente crítica:
    1--- As locomotivas NÃO se movem sobre carris. Nunca. Andam pelas estradas, a refolegar como se fossem camiões. Atravessam as cidades de lado a lado a triturar as calçadas. A tecnologia delas é absolutamente diferente das locomotivas que conhecemos neste nosso universo.
    2-- não existe magia neste universo. Não existem fadas. Existe sim, uma metatecnologia "infiltrada" por agentes temporais que fingem que são fadas.

    O ritmo é lento, porque não estamos num livro de porrada à la GDT ou IF. Estamos num livro de FC, pura, genuina, com um worldbuilding fenomenal. É um livro feito para excitar os lobos pré-frontais e não as gónadas de adolescentes borbulhosos.

    Claro que o nosso amigo Fiacha, porque estamos na presença de um tomance em "mozaicos", ou seja, um conjunto sequencial de contos que o Keith Roberts foi publicando nas revistas da época, ficará desconfiado, com recrio de lê-lo ( oh meu Deus, estamos a falar de "contos",) e por isso terá de ser amarrado até que o leia do principio ao fim. Nós cá estaremos para lhe açoitar as orelhas, caso ele se recuse.

    Para livros geniais, com porrada, explosões e destruição de planetoides inteiros, quanto mais não seja pelo combate final entre "metropolitanos" transplanetários, recomendo outro livro que publiquei nesta mesma colecção e wue os ventos do tempo fizeram o favor de desintegrar.

    Estou a falar do "Pensa em Phlebas", do Ian M Banks, um dos melhores autores co género e que tão cedo nos deixou. Este é apenas o primeiro volume da série da Cultura, melhor, infinitamente melhor, mais bem escrito, mais rico, mais criativo do que qualquer Guerra dos Tronos. Ao publicá-lo pensei que outras editoras wuisessem pegas nos restantes volumes da série, mas qual o quê! Tem naves espacais, alienígenas, IAs mal dispostas e uma das Utopias mais agressivas da história da FC. E já sabemos que as Editoras não gostam dessas coias...mas façam-me um favor. Já que leram o Império do Medo, a Pavana, a Canção de Kali, todos livros da velha Limites, não se esqueçam do Banks e vão experimentar algo que nunca antes sentiram: estar na presença de obras-primas.
    Corre to, caro UBIK?

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    1. nem mais, caro Barreiros.Nem os erros de digitação do ipad conseguem deturpar a verdade que escreves.Lamentávelmente.

      Gostaria de um dizer-te um dia Barreiros que estás enganado. Melhor: acho que até tu adorarias...:):)

      Esses livros que passaram indiferentes a outra geração de leitores, passariam de igual modo nas gerações atuais.

      Continua o leitor luso a ignorar completamente o que é a boa FC.
      Essa é que é essa.

      ubik

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    2. Viva Barreiros,

      Sem duvida que vou ler o Pavana pois comprei devido às tuas sugestões, só que não vai ser para já visto estar já comentado :)

      Quanto ao Império do Medo e tal como o Pavana fiquei com muita vontade de ler, a Canção de Kali li e gostei muito, alias como sabes gosto muito do Dan Simmons ;)

      Quanto ao resto deixo para a Caminhante :)

      Abraço

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    3. Obrigada pelos complementos ao meu comentário João Barreiros :), de facto é imperdoável não ter referido a questão das locomotivas e das suas viagens alucinantes pelas estradas das cidades e campos, quanto ao outro ponto, quis deixar um pouco no ar a questão das fadas, não desmascará-las de imediato.
      A magia que existe aqui, é somente aquela que nos leva a ler este excelente livro de fio a pavio e interpretar todas as entrelinhas, todas as subtilezas que o escritor quis transmitir.

      Quanto à sugestão de ler "Pensa em Phlebas", do Ian M Banks, não sei se a vou seguir, pelo menos nos tempos mais próximos. Não gosto de tanta acção assim na FC. Gosto mais desta FC mais subtil, mais dura, se é que se pode chamar assim...
      Mas tenho ainda muitas sugestões vossas para seguir :)
      Um próximo comentário é sobre o Brian Aldiss e o mundo de Hellicónia, uma sugestão do Tio Barreiros, excelente Primavera ....

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  5. E uma vez mais peço desculpa pelos horríveis erros de digitação do meu Ipad. A verdade é que, se tento voltar atrás para corrigir uma só palavra que seja, tenho de voltar atràs e reeniciar tudo do princípio, porque o teclado bloqueia.

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  6. Ora mas não impede de deixares um bom contributo e ajuda na dilvulgação do livro, sem problemas Barreiros ;)

    Ubik,

    Eu vou anotando e lendo algumas das sugestões dadas aqui pelo mestre ;)

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  7. Olá,
    Parece-me um livro que se tem de ter tempo e cabeça para ser lido, interessante, mas não faz bem o meu género.

    Cumprimentos

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    1. Sem dúvida, mas quem sabe se um dia mais tarde não o lerás e até talvez gostes :D

      boas leituras

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    2. caro Luis, com todo o apreço, este é o grande drama para quem espera que o panorama da edição em portugal mude radicalmente, o simples e simplista "não faz bem o meu genero", a tão tipica e vulgarizada zona de conforto.

      O leitor é, deste modo e sempre, o grande facilitador do editor : daí a permanente e constante praga nas livrarias do mesmo genero de livros, "ad nauseum".

      Quem sabe se, pelo contrário, o leitor exigisse algo que quebrasse as barreiras ( OU Barreiros :)) do seu "género", a edição e a leitura em Portugal fosse algo mais dinâmico e interessante.

      E sem Barreiros ( perdão, barreiras) de género!!..:):)


      Ubik

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  8. Também gostei da Dama Negra. Se os romances não são os teus livros favoritos aconselho-te os policiais que ela escreve com o nome de J.D. Robb.

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    1. Ois Tulipa Negra,

      Podias ter respondido no teu blog ihihi, mas obrigado na mesma :D

      Pois já sei que ela tambem é forte nos policiais e eu gosto de romances, há ai excelentes livros sem duvida :)

      Bjs

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  9. Cara Caminhante: os livros do Banks são de uma complexidade de fazer derreter as meninges. Por vezes são intimistas e nostálgicos, outras hilariantes, outras terriveis, pois mostram a facilidade com que as ditaduras podem oprimir a liberdade, agora imagina uma civilização ultra liberal, ajudada por IAs respingonas, cujo objecto único é defender a liberdade, seja de que maneira for: pela sedução, pela guerra, pela violência, pelo humor. É uma civilização de humanoides onde todos têm o direito absoluto a fazer o que lhes apetece. Até serem soldados a combater pela paz. Pela força. A sério, Caminhante. Os livros do Banks são do melhor que já se escreveu no género, todos eles substancialmente diferentes uns dos outros. Uns ocorrem pelo lado da Cultura, outros são escritos na perspectiva dos seus inimigos.

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    1. Hum ... ok ok, então qual o conselho para mim do Banks? "Pensa em Phelbas" na mesma ?

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    2. Bem começo a ficar ainda mais curioso, mas pelo que percebo nao é facil de arranjar :)

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  10. Sem dez ao todo. Mais três passados fora da Cultura. O Banks tb escreveu mainstream mas sem o "M" no nome. Quando lhe perguntaram qual das duas personalidades preferia, a "séria" ou a de "FC", ele confessou que escrevia mainstream para ter dinheiro para escrever aquilo que mais gostava, ou seja, as histórias da Cultura. Morreu recentemente. E a morte dele, ainda em plena fase criativa, é uma das maiores perdas para o género. Se me perguntassem que tinha de escolher entre o Banks e o Simmons, eu diria sempre, Banks, Banks, Banks,
    http://www.fantasticfiction.co.uk/b/iain-m-banks/

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  11. Podes começar pelo "Pensa em Phlebas", sim. Foi o primeiro da série que ele escreveu. Mas o meu preferido continua a ser o "The Use of Weapons", ou o "Player of Games". Imagina crashar uma civilização de tiranos fazendo batota...ao jogo...ou usar como armas as pessoas de quem mais gostamos...na luta pela liberdade a Cultura joga sujo.

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  12. Talvez o bondoso UBIK tenha outras sugestões...

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  13. Caminhante, quanto ao Império do Medo, não te esqueças que o Stableford é um autor de FC. Com formação em bioquimica. A infecção viral do vampirismo está tratada na mais rigorosa perspectiva biológica. E não há aqui "romantismos". Como combatê-los? Com um microscópio, claro. O Império do Medo é uma obra de FC+História Alternativa.

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    1. :D :D, agora sim, irei pegar nele bem mais cedo que esperava... ai há tanta coisa boa para ler....

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  14. Obrigada pelas sugestões, vou registá-las e irei ler Banks, depois comentarei :D

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  15. Prepara-te, Caminhante.
    Vai ser uma grande Viagem, e um Enorme, enorme desafio.

    Não consigo classificar o Banks: acredito sinceramente Barreiros, que possa ser daqueles autores excessivos que se Ama ou Odeia.
    "Arrasa" o cerebro :):)

    Confesso não ter lido a série toda ( invejo quem já teve oportunidade e tempo para o fazer), e li-o aleatoriamente.
    Sem duvida o "Player of Games", dos três primeiros.

    Mas o mais excessivo, o mais divertido ( cá está o meu defeito Wodehousiano), e o que mais me desorientou durante a leitura foi o " Look to Winward".
    E ainda hoje adoraria lê-lo em bom português, temendo tratar-se de uma obra "diferente", mas indubitávelmente a minha preferida das que li ( e falta a maior parte!), logo...

    .....tempo, precisa-se de tempo..

    ah, e não vejo que cogumelo dos anos 80 possa levar algum editor a publicar no próximo milenio , em Portugal, o Iain M. Banks.Sinceramente!

    ( Barreiros, explica-nos por favor, a que "fraude, ilusão, e mentira" bem maior que a do Ricardo Espirito Santo tiveste de recorrer para enganar o editor, o tradutor, a gráfica e o leitor para conseguir que publicassem o "Pensa em Phlebas".
    E estás preparardo para as criticas demolidoras de um eventual e ousado leitor actual? :):)

    Ficam as questões....

    Ubik

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  16. Olá Caminhante

    Excelente comentário. Li o Pavana já lá vão uns aninhos lembro-me que gostei, mas que seria necessário (pelo menos) mais uma leitura para nos apercebermos de todas as suas complexidades, mas ao ritmo que saem ou descobrimos novos livros e/ou autores será difícil reler, o que é pena :( mas quem sabe se isso até nem acontece ;)

    Um abraço

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    1. Obrigada Marco

      De facto um livro que se gostaria de ler daqui a uns anitos novamente, é bom reler com "outros olhos" porqiue também vamos sempre evoluindo na leitura, pelo menos assim penso eu.

      Também por esta razão acho que ninguém deve por completamente de lado o livro só porque agora "não faz o género", quem sabe se num "amanhã" poderá gostar de o ler ?

      Bjs e um abraço também para ti

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  17. A história é simples, caro UBIK. A Clássica tinha uma distribuidora de livros ingleses, a Dienternal. Um dia, o dono da Clássica ( tinha acabado de comprar uma Editora falida e queria justificar, em termos legais, que a Editora continuava a publicar livros), encontrou-me no fundo dos armazéns, a remexer nas pilhas de paperbacks ingleses. Ahah, então o meu amigo gosta de FC? Yep. O meu amigo lê em Inglês? Yep. Quer ajudar-me a dirigir uma colecção da treta de FC mediante o pagamento de uma pequena avença? Yep. Então faça lá uma listinha de livros pra nós publicarmos.
    E eu fiz. Tinha acabado de ler o Banks. Estava fascinado.
    E ora toma! Stableford e James Tiptree para começar. E logo de seguida o Banks, claro. Ora acontece wue um prof da Faculdade de Filosofia, que eu conhecia doutros carnavais, era tb amigo de peito do Editor. E esse prof traduzia livros para ganhar umas massas. E adorava FC. E gostava das minhas escolhas. Logo, levou o velho amigo zeditor a beber uns copos, e zagundi, o resto é história.
    Claro que eu sabia que esta colecção tinha uma vida limitada. Que ia durar um sno ou dois e pouco mais. Então para quê editar fantasias ou escritores da treta? Vamos mas é explodir em glória...e foi o que fiz. Claro que a Dienternal faliu pouco depois. Claro que a Editora Clássica faliu logo de seguida. E pronto. Finita la comedia. Ainda ficaram uns cinco livros traduzidos e com direitos comprados nas gavetas da Editora. Coisas geniais, garanto-vos. Bye,bye happiness...I think I'm gonna die...

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    1. ehehe... caro Barreiros, estas tuas histórias são uma preciosidade. Deliciosamente tristes.

      Assim se conta a verdadeira "história" da edição da FC em Portugal.

      Tudo estratégica e meticulosamente organizado ao...acaso!
      ( por alguma razão a industria relojoeira se radicou na Suíça)

      Fantástico.:):):)

      Ubik

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    2. Por acaso concordo Ubik, e assim se faz história da edição da FC por cá, uma verdadeira enciclopédia o nosso amigo Barreiros :)

      Muito bem :D

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    3. Tão precisas são essas histórias que já as comecei a compilar com o sugestivo titulo de "As Aventuras e Desventuras Editoriais de João Barreiros"
      Um dia ainda me vai render uma pipa de massa :D

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    4. Excelente ideia Marco, sem querer tirar-te os louros da ideia, podes contar comigo se quiseres uma ajudinha :D

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    5. meus amigos, o João Barreiros é uma preciosidade neste blog.

      Conservem-o, admirem a sua sabedoria, e acarinhem-o.

      ( um destes dias ainda vou ter de arranjar uns euros " para derreter" na edição de meia duzia de livros que façam parte da história do sec. XXI ou XXII da FC em portugal, com direcção do Barreiros, claro)...:):):)

      ubik

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    6. Toda a ajuda é bem vinda especialmente porque eu apenas agora comecei e tenho muito que recolher e ainda não decidi como separar as histórias (ajuda ai também era bem vinda)

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    7. Marco, conta comigo para o que precisares, dá as instruções que eu sigo :) tenho o maior gosto em participar nessa tarefa

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  18. Olá Caminhante :)
    Adorei o teu comentário.
    E este livro parece ser muito interessante. Fiquei curiosa. Mais um a acrescentar a lista.
    Obrigada.
    Beijinhos

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    1. Olá Luísa, obrigada :)
      bem interessante e muito bem escrito, embora como já foi referido com um ritmo muito próprio.
      Se tiveres oportunidade lê
      beijinhos

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  19. r: Quero tanto conhecer Itália inteira!! Sou mesmo gulosa ahah assumo

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    1. Ois Ana Rita,

      Poi estou contigo, tenho mesmo que conhecer Itália e quanto a seres gulosa, descansa que não deves ser a única ihih

      bjs

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  20. Olá Caminhante e olá Fiacha =)

    Caminhante, gostei muito da tua opinião. Andava com alguma curiosidade sobre este livro e agora fiquei ainda mais. Confesso que até ler este teu texto, o que mais me fascinava no livro era a maravilhosa capa que ele tem, mas agora tenho motivos mais sólidos para o querer ler.

    Gostei de tudo o que escreveste; sempre com um toque de magia também =)
    No entanto, fiquei um bocadinho apreensiva com a parte final, do facto de não ter muita ação.

    Mas a 4,5 euros vale bem a pena tentar =)

    Beijinhos e boas leituras!

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    1. Olá Maria :)
      obrigada pelas tuas palavras. E fazes bem em o ler (eu também gosto bastante da capa ) e penso que irás gostar.
      Vou querer ver a tua opinião
      beijinhos e boas leituras para ti também

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  21. Apesar de ter gostado bastante da tua análise, não me parece que vá ler este livro tão cedo uma vez que tenho outras leituras pendentes... Mas não deixa de ser interessante ;)

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    1. Obrigada José :)
      Não o deixes de lado, e um dia aproveita e dá uma leitura. Quem sabe se não se revela uma surpresa agradável.

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  22. Olá Caminhante!!

    Gostei muito da tua opinião e deixou-me curiosa.
    Gosto de livros que me obrigam a ler o que não está escrito e não me importo nada de ler um livro com pouca acção desde que me faça pensar.
    Por acaso tive para comprar a uns tempos. Confesso que tenho algum receio de não compreender muito bem o livro por não conhecer os factos históricos, mas vou por na minha lista.

    bjinho e boas leituras

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    1. Olá Cátia, obrigada :)
      Não te preocupes com os factos históricos, pois se necessitares deles, rápidamente pesquisas na Net sobre o assunto. e penso que não necessitas da informação para compreender o livro.
      Aproveita e lê, penso que irás gostar :)
      beijinho e boas leituras para ti também

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  23. Olá A Caminhante,

    Mais um belo comentário de um livro que parece ser bem interessante, mas acho difícil eu ler, pois não sei se por esses lados do Atlântico há tal livro, mas enfim, parabéns pela opinião!

    Abraços e boas leituras!!! :D

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    1. Obrigada Amanda :)
      Talvez a SDE aí no Brasil também o publique, quem sabe...
      muito bom, mas com um ritmo muito próprio.
      Beijinhos

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  24. Olá :)
    Mais uma vez, excelente comentário amiga A Caminhante...só o post seduz o suficiente para a leitura :)
    E gostei muito do que li :D sem dúvida uma leitura a conhecer ;)
    Gosto sempre de ler tudo o que A Caminhante escreve :)
    Beijinhos...boas leituras

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  25. Olá Carla :)
    obrigada amiga pelas tuas palavras
    Penso que devas ler este livro, vais gostar certamente da escrita e das histórias.
    beijinhos e boas leituras também para ti

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  26. Olá Caminhante e Olá Fiacha :)

    Deixem-me já dizer que adorei esta opinião. Uma opinião clara que não nos diz informação a mais, mas que diz provavelmente tudo aquilo que queremos e precisamos de saber!
    Confesso que ao ler todos estes comentários à opinião me sinto com uma pequenez inexplicável. Leio porque gosto muito de ler, mas é incrível como não só na opinião, mas nos comentários vamos conseguindo aprender algo de novo. Uma grande qualidade do teu blog Fiacha. Não só possui boas opiniões, quer tuas, quer da Caminhante, como também os teus seguidores/leitores enriquecem o blog :).
    Fiquei com vontade de ler este livro e tenho de agradecer por a opinião ser clara quanto às expectativas. E aí concordo com o Fiacha "Um bom livro será sempre um bom livro", mas a verdade é que por vezes podem ser feitas interpretações erradas apenas com base nas expectativas.

    Boas viagens,
    Rosana
    http://bloguinhasparadise.blogspot.pt/

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    1. Olá Rossana,

      Na parte que me toca só tenho a agradecer, na verdade o blog é de todos, sem os comentários de todos não teria motivação para continuar e não tens que te sentir pequena, ora essa, tens um blog com muita qualidade e que gosto de acompanhar, sem duvida

      E repara que qualquer seguidor pode aqui fazer uma mensagem é uma questão de combinar ;)

      Bjs :D

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    2. Olá outra vez :)

      Confesso que com essas tuas palavras acabei por crescer mais um bocadinho :). Fico contente que aches que tenho um blog com muita qualidade. E sabes que a tua presença lá também é muito bem-vinda e uma mais valia para nós!
      Qualquer coisa que precises é só dizer!

      Boas viagens,
      Rosana
      http://bloguinhasparadise.blogspot.pt/

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    3. Olá Rosana
      muito obrigada pelas tuas palavras, também fizeram com que crescesse mais um bocadinho :)
      como o Fiacha diz, o blogue só é como é porque todos temos uma palavra (ou mais do que uma :P ) a dizer e todos temos um espacinho por aqui.
      Aprendemos muito, pois o Fiacha consegue juntar um grupo muito bom, com opiniões diversas e muito competentes,pelo que há sempre excelentes sugestões e excelentes comentários.
      Fico contente por ter conseguido ajudar-te a formar uma ideia sobre o livro e espero que o gostes de ler. :)
      bjs e boas leituras

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  27. Olá Caminhante e Fiacha,

    Eu já estive com este livro na mão e confesso que não me chamou a atenção, mas também nem me dei ao trabalho de ler a sinopse, acho que foi a capa que não me chamou a atenção.
    Pensava que não era assim nada por ai além, mas agora depois de ler este comentário fiquei bastante curiosa.
    É um que já está na lista para trazer da biblioteca.

    Beijocas

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    1. Olá Angelina
      uma boa opção essa de trazer da biblioteca, pois nada como ler e ver se se gosta ou não
      Como já referi é um livro que não é fácil, mas há que ler para emitir uma opinião :)
      bjs e boas leituras

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  28. Esperem aí, de onde vem essa questão das fadas e da metatecnologia? Mas este livro partilha o universo com mais algum?

    Mas as fadas que aparecem não são apenas alusões à Inglaterra pré-Cristã como uma espécie de mundo místico de utopia a contrastar com a opressão sentida pelo sufocante poder do momento. Foi nesse sentido que as interpretei, embora já não me lembre muito bem do conteúdo do romance, pois já o li há alguns anos e não foi dos meus favoritos.

    Relativamente a ficção científica mais ou menos trepidante, saliente-se que também gosto de elaborados esquemas científicos a estimular os lobos frontais, contudo não me resumo a conceitos de intelectualidade (se assim fosse nem sequer iria ler ficção), gostando também de algum divertimento hormonal e sinto-me à vontade em afirmar que existe um adolescente dentro de mim ;-).

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    1. Olá Pedro
      Que eu tenha conhecimento não existe mais nenhum livro a partilhar este universo, mas aí o João Barreiros estará mais à vontade do que eu para responder.
      No que respeita às fadas, Pedro, eu não tive o mesmo entendimento do que tu. De facto aparecem associadas ao mundo antigo de uma Inglaterra completamente diferente desta oprimida pela igreja e pelo poder eclesiástico. No entanto "Elas" de facto "intervêm " :) para além deste aspecto. Basta pensar, não sei se te recordas bem, da história da guilda dos sinaleiros e do jovem aprendiz :)

      O que tenho aprendido ao longo dos tempos e do que vou lendo sobre FC, é que existe um sem numero de livros e de "géneros" (não sei se poderei denominá-los desta forma, perdoem-me os mais sapientes) dentro deste próprio chapéu mais vasto. Eu gosto bastante de livros que cruzem a evolução de povos com a tecnologia mais ou menos avançada, a evolução de novas tecnologias e também a evolução de ideais e de pensamentos, espero estar a fazer-me entender, e há muitos autores que são excelentes nestas áreas. Tenho muito ainda para conhecer e descobrir.
      É sempre bom que exista uma criança / adolescente dentro de nós :) ela deixa que a nossa parte mais irreverente venha ao de cima e que possamos gozar muito mais a vida e soltar umas boas gargalhadas.

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  29. Adorei o teu comentário Caminhante... parece-me ser uma excelente aposta!

    Beijinhos

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  30. Olá Nádia
    muito obrigada :) penso que irás gostar
    beijinhos

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