segunda-feira, 3 de novembro de 2014

O Dia dos Santos

Com certeza já todos por aqui deverão ter ouvido falar da minha terra natal pois, apesar de ser apenas uma vila alentejana, gradualmente tem-se tornado conhecida um pouco por todo o mundo. Por vezes até aparecemos na televisão, seja pela altura da Páscoa ou em alguma reportagem que fale sobre a passagem dos judeus por Portugal, entre tantas outras ocasiões. Falo-vos de Castelo de Vide, uma pequena vila situada algures entre Portalegre e Marvão, onde podem encontrar imensos vestígios da história Portuguesa e com um vasto património cultural, entre tantas outras qualidades.

Acho que se pegarmos num calendário e apontarmos todas as romarias, festas e outras tradições de Castelo de Vide, dificilmente encontraríamos uma semana em que não se passasse nada por cá. Já vos falei da Páscoa, que é talvez a festa que atrai mais turistas, mas há muitas mais que poderia referir. A Feira Medieval em Setembro, o festival de música alternativa Andanças em Agosto, o madeiro de que arde todos os anos na noite de Natal para aquecer os mais carenciados, entre tantas outras datas importantes e tão nossas.

Este fim-de-semana, como bem sabem, comemorou-se o Dia dos Santos. Sim, eu sei que se comemora em todo o lado, mas em Castelo de Vide existe uma tradição que está cada vez mais a cair no esquecimento. Também há que lembrar que o dia 1 de Novembro já não é um feriado nacional e, como tal, é cada vez mais difícil fazer cumprir a tradição. Em parte porque as crianças não são dispensadas das aulas mas também porque os pais não podem deixar de ir trabalhar para acompanhar os filhos. E isto deixa-me triste pois recordo-me de passar o ano todo à espera que chegasse o Dia dos Santos, que me sabia ainda melhor que o Carnaval.

 Desta vez, o dia 1 de Novembro calhou em sábado o que permitiu que mais uma vez tradição fosse cumprida. Pela manhã, bem cedo, as crianças reunem-se em pequenos grupos e vão pelas ruas, batendo de porta em porta, a pedir os santos. Segundo os mais sábios, neste dia a festa celebra-se em honra de todos os santos e mártires. Cada criança leva uma bolsa, que por cá são as tradicionais bolsas de retalhos onde se guarda o pão, e recebem muitas vezes guloseimas, mas também nozes, romãs, castanhas, maçãs, e até alguns trocos.

As bolsas do pão - imagem retirada daqui


No meu tempo (sim porque já faço parte daquela faixa etária em que se pode usar expressões como esta), juntava-me sempre com uma prima. Temos a mesma idade e fomos sempre da mesma turma. Andávamos sempre juntas, fosse no Dia dos Santos, fosse no Carnaval ou fosse um dia qualquer e nos apetecesse companhia para brincar. E lá íamos nós, ela com a bolsa do pão e eu com a minha bolsa, que não era feita de retalhos, mas sempre tive muito carinho por ela porque foi uma prenda da minha avó paterna. Era toda feita em renda azul clarinha, com um forro a combinar, e é uma das poucas recordações que tenho dela. Todos os anos as bolsas vinham cheias de rebuçados, pastilhas, chupa-chupas, e frutos da época. A minha prima detestava que lhe dessem fruta, principalmente nozes. E se as moedas fossem de 1 escudo, quase fazia caretas às pessoas (felizmente continha-se!). Qual é a criança que gosta de receber moedas de 1 escudo?? Ok, nenhuma. Mas não me fazia confusão. Normalmente eram as pessoas mais idosas que davam moedas pequenas. Se em todas as casas por onde passávamos nos dessem uma moeda de 1 escudo, ao fim da manhã estávamos ricas. Ok, não literalmente. Mas para uma miúda de 5 ou 6 anos, juntar cerca de 100 escudos já era uma pequena fortuna.

 Ao final da manhã voltávamos a casa para o almoço em família. Quando ainda era uma criança de colo, era o meu pai que me levava a pedir os santinhos à casa das tias e das vizinhas, enquanto a minha mãe ia para casa da avó ajudar com o almoço. E o que se come no Dia dos Santos, perguntam vocês? Só coisas boas! Não me perguntem porquê, mas por aqui é tradição comer um prato de papas de milho ao almoço, neste dia. As papas são acompanhadas de açúcar louro, mel ou apenas leite. Como nunca gostei de papas, não percebo quem é que se lembra de comer isto ao almoço (só um parêntesis para dizer que a minha mãe adora….). Passando à frente: migas! Ah que maravilha, não é? Umas belas migas de pão ou de batata, que por cá come-se das duas maneiras, já marchavam! Depois para sobremesa come-se o arroz doce, não por ser tradicional deste dia, mas porque qualquer ocasião especial por cá pede uma travessa de arroz doce à mesa.

Para além disto, também se costuma comer bolo finto, que não é bem uma sobremesa. Funciona mais como um snack ou uma gulodice para qualquer altura do dia. Não há ano que passe sem que chegue a esta altura e me recorde dos tempos da escola primária, em que a mãe de uma amiga (cujo pai era padeiro) entrava pela sala de aula com um saco cheio de bolos fintos mais pequenos, ainda quentinhos. Para além dos bolos serem deliciosos, só o gesto de carinho já nos deixava felizes. Era como o ponto alto do nosso outono: o dia em que nos ofereceriam bolos fintos. Eu sei, como éramos ingénuos…

E porque estou para aqui a contar-vos uma tradição de há minhentos anos e, ainda por cima, a falar-vos em comida? (Já vos falei das migas, certo?)

Porque a tradição está a morrer. E a cada ano que passa há menos crianças na rua a pedir os santinhos e há também menos pessoas a abrir a porta às poucas crianças que ainda o fazem. Ainda ontem encontrei um texto do Nuno Markl em que ele contava como foi a sua noite de Halloween, acompanhando o filho e mais algumas crianças no “trick-or-treating”.

Não tardou para que, de adulto fixe e irresistível, gerindo com bonomia um grupo de divertidas crianças, eu passasse a sentir-me o cabeça experiente de uma organização terrorista, usando os meus pequenos esbirros para espalhar o susto e a angústia entre a terceira idade. 

Uma senhora em roupão lamenta: "Mas eu estava deitada...". 

Outra senhora revela-se tão idosa que não consegue abrir a sua própria porta da rua. Ou então foi incrivelmente inteligente.

Outra senhora, outro roupão: "Eu não estava preparada para isto...". 

"Então vamos ter de fazer travessuras!", respondem os gaiatos, implacáveis. E eu penso: "Mais? Não chega obrigar senhoras de idade a levantarem-se?".


 No meio disto tudo, não percebo porque tentamos todos os anos adoptar uma tradição que não é nossa e que para nós não tem qualquer significado, excepto ser um bom pretexto para tirar os fatos de Carnaval do baú, e em paralelo atirarmos para trás das costas aquilo que é, de facto, nosso. Será que os meus filhos, que um dia terei, irão pedir os santinhos ou pregar partidas pela noite fora?

47 comentários:

  1. Olá Sofia,

    Bem isto é que tem sido aparecer mensagens novas de um momento para o outro, mas compreendo que esta tenha sido publicada agora pois o dia dos Santinhos foi no dia 1 de novembro. Penso ser bom para o blog este tipo de mensagem, diversifica e acabamos por conhecer um pouco melhor os seguidores do blog :)

    Bem quanto a Castelo de Vide só posso confirmar é sem duvida um local muito bonito que mesmo que não tenha nenhuma iniciativa é linda, mais a mais tendo ali tão perto Marvão, adorei conhecer e espero um dia voltar pois é uma região muito bonita...ai sim há qualidade de vida, ar puro, locais para se caminhar e por ai fora e pelo que percebo com muita iniciativa, o que é bom.

    Quanto a esta tradição ai como me faz recuar no tempo e o que eu andei a bater de porta em porta para receber as minhas guloseimas, não sei como é por ai mas digo-te que ainda há muita criança a manter viva esta tradição e corvo não fugiu à regra lá teve que dar uma notinha à sua "afilhada" eheheh

    Mas fazes muito bem em divulgar quer o lindo Alentejo que sem duvida é muito bonito quer as tradições ai existentes, ai a festa da castanha eheheh e desde já o meu obrigado por aceitares o desafio, penso que ficou muito bom :)

    bjs

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    1. Obrigado pelo convite Fiacha.

      Por cá são cada vez menos crianças e quando o dia 1 calha durante a semana é para esquecer, agora que já nem feriado é. Nem as migas se comem, praticamente. E daqui para fora, pior ainda. Em Portalegre já não se vê nada disto. O meu namorado não se lembra de alguma vez ter pedido os santos, por exemplo.

      São pequenas tradições, mas fazem parte de nós e marcam a nossa infância e é uma pena que se estejam a perder

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    2. Mas isso acontece em muitos locais, por acaso esta tradição ainda se vê muito por estes lados e é sempre uma festa ver a alegria das crianças.

      Ui esqueci-me de referir a gastronomia alentejana mas por estes lados também se mantém a tradição de comer migas, não fosse a minha mãe alentejana eheheh é uma perdição e sabe tão bem :D

      Seja como for há muitas iniciativas ai em Castelo de Vide, só posso recomendar uma visita ;)

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    3. Eu bem que estranhei não comentares as boas das migas. Acho que as migas são um prato que varia muito entre as várias regiões de Portugal. As de pão, as de batata, as de espargos, e sei lá que mais. Por cá come-se muito tanto as de batata como as de pão (que são a minha perdição).

      É uma gastronomia que faz tão mal, mas sabe tão bem!!!!

      Sim, vale a pena fazer uma visita. Hoje em dia até já se chama o trio de Marvão-Castelo de Vide-Portalegre. E visitar sem provar a comida tradicional não vale!

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    4. Ui nós aqui é a de pão, sempre que se faz petinga ou jaquinzinhos fritos tem que ser acompanhada de migas eheheh e claro de um tintinho :D

      Por acaso comidas alentejanas aqui não falta, temos que aproveitar os ensinamentos dos mais velhos ehehehe

      Subscrevo ;)

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    5. Por cá as migas comem-se com entrecosto frito. Nunca comi com mais nada :) tenho que provar com peixe, como estás a dizer. Deve ficar bom :)

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    6. Ai com peixinho é que é bom, experimenta e claro com as azeitonas :D

      Vamos ver se o tempo ajuda para a festa da castanha, não está nada prometedor :)

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    7. Se estiver como esteve o dia de hoje, até não calha mal... Temos é que contar com um pouco mais de frio em Marvão. Há-de correr bem, vais ver depois nas fotos :)

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  2. Castelo de Vide é Lindo,

    Eu sinceramente gostava de participar em celebrações desse género , mas aqui em Lisboa não há nada disso :( essas tradições lindas que fazem parte da nossa história , que fazem parte do nosso Portugal.

    É de louvar todas as terras que as preservam e não se deixam ' americanizar' por modas que nada têm que ver conosco e que têm só como objetivo o Lucro

    Bjos

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    1. Para quem vive em Lisboa e outras cidades grandes, nem sei o que têm como tradições deste género. Os anos que vivi em Évora, reparei que nem no Carnaval as crianças se sabiam divertir. Eram sempre os mesmos vestidos de princesas e os super heróis. Iam assim para a escola e estava feito o Carnaval. Em Portalegre, é igual...

      Para quem tenha familiares em terras mais pequenas é de aproveitar a fazer umas escapadelas com os miudos nestas alturas :)

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    2. lol por acaso Lisboa até tem grandes tradições como por exemplo os Santos Populares, mas manter estas tradições penso ser mais nas aldeias e há por ai coisas bem bonitas de se ver :)

      E concordo contigo Castelo de Vide é lindo, alias a zona toda por exemplo Marvão e temos Espanha ali tão perto :D

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    3. Por acaso quando estava a escrever o comentário anterior só me consegui lembrar das marchas populares que, um dia, ainda gostava de ver ao vivo. Por cá é uma tradição que temos tentado recuperar nos ultimos anos, mas não se compara às marchas de Lisboa, claro!

      Próximo domingo, se tiver bom tempo, vou tirar algumas fotos na festa da castanha:P

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    4. Vale a pena vir ver as festas dos santos populares em Lisboa, em especial junto ao Castelo, muito bom mesmo :)...E viva a sardinha :D

      Olha penso ser uma festa com muita tradição, depois quero ver isso nem que seja no teu blog :)

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    5. Eu acredito que valha a pena ir aos santos populares. Um dia tenho que pensar seriamente nesse assunto.

      A ideia é depois fazer um post sobre a festa. Deixa lá ver se o tempo ajuda, senão nem dá vontade de fotografar nada....

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    6. Experimenta sim, olha por acaso aqui por Óbidos também há muita coisa boa, como a feira Medieval e é tão bonito como o de Marvão e ainda tens direito a uma ginjinha :D

      Espero que corra bem :)

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    7. Ui ginginha! Oh homem, tu tá masé calado com essas coisas... Já bastaram as migas!

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  3. Olá Sofia!
    Gostei bastante do teu post. Percebi o teu intusiamo e a tua decepção. Foste criada nunca geração como a minha completamente diferente dos dias de hoje. Na minha aldeia nós não tínhamos essa tradição mas tínhamos outras. Acredito que já nem se pratiquem. O que é pena.
    Nunca fui a Castelo de Vide mas quando estava em Portugal trabalhava num armazém grossista e faziam distribuição para lá. Tínhamos lá bons clientes. Gostaria muito de visitar até porque adoro tudo o que se relacione com a nossa história. É bem mais interessante e motivo de orgulho do que a escumalha de governos que nos têm governado que em nada dignificam o que já fomos.
    Ah já me esquecia...quando andava na primária na minha terra havia o hábito de no dia 1 de Maio irmos as maias para chá. Havia os magustos da escola. Era fantástico. Já que me referi ao magusto lembrei-me de uma tradição que ainda se mantém na minha terra. A festa de S. Sebastião. Esta festa é organizada por ruas e todos os anos são ruas diferentes. Compram grandes quantidades de castanhas e as pessoas da aldeia juntam-se para esbola-las (fazer-lhes um corte) depois mandam assa-las. Então no dia da festa que muitas vezes é durante a semana há a festividade religiosa depois as pessoas vão buscar aquilo que a gente na aldeia chama de bodo. Que é um punhado de castanhas e um pão benzido para cada pessoa de cada casa. E tudo isto é suportado pelas pessoas da aldeia. A tradição ainda se mantém como melhorou. Hoje em dia colocam grandes mesas cheias dos nossos produtos regionais, vinho etc. E toda a gente pode comer e beber até mesmo visitantes. Tenho pena porque há muitos anos que não estou presente.
    Beijinhos

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    1. Olá Luisa,

      Gostei muito de ler o teu testemunho. É com essa saudade dos tempos que já passaram e escrevi este post. A tradição que relatas parece ser bem engraçada e acima de tudo reforça o convivio entre as pessoas da mesma terra. É realmente uma pena quando estas pequenas tradições deixam de se cumprir.

      Eu estive 6 anos a viver em Évora e confesso que a maior parte das vezes que vinha a casa, era por esta ou por aquela tradição. Na altura estava a estudar e a trabalhar ao mesmo tempo e raramente conseguia vir a casa aos fins de semana. Mas fazia sempre questão de tirar uns dias para vir cá na páscoa, que é de todas a minha festa favorita por cá, na feira da castanha e na festa da Sra da Alegria que se realiza no inicio de Junho. Esta festa é em honra da Nossa Senhora da Alegria, que tem uma igreja dentro das muralhas do castelo e, segundo a lenda terá milagrosamente apagado um incêndio que se deu nesta zona do castelo (ainda a vila existia apenas dentro das muralhas).

      Acho que quando estamos longe da nossa terra natal, não são apenas os nossos amigos e familiares que nos fazem regressar e matar as saudades. Julgo que foi através destas pequenas situações e todos os rituais que elas implicam que me sentia em casa.

      Se algum dia tiveres oportunidade, vem conhecer esta zona. Garanto que não te arrependes. Mas vem quando estiver bom tempo, que agora de inverno só cá há muita chuva e muito vento ahaha

      beijjinhos

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    2. Ui na zona da Luisa tambem não devem faltar boas tradições e seguramente pouco conhecidas, acho que dava uma boa mensagem ehehe

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    3. Algures para os lados da Covilha, Serra da Estrela :D

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    4. Ui! pra esses lados fazem música com pedras. Vi uma vez na tv e achei engraçadíssimo!

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    5. uma coisa é certa, tal como pelos teus lados, ar puro e locais lindos por visitar não faltam por estes lados da Serra ehehe, alias Castelo de Vide também fica lá no alto :D

      Muita coisa a visitar, mas quem sabe não a Luísa mas a Cátia faça algo sobre o assunto :D

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    6. Meninos conhecem as Minas da Panasqueira? As minas de volframio mais antigas da Europa? Eu sou dessa zona. Da aldeia mais distante da Covilhã de nome S.Jorge da Beira.

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    7. Eu conheço! De longe, muito longe :)

      São Jorge está na Serra do Açor? Desculpa a minha ignorância mas penso que já não é Estrela, certo?

      A ver se lá vou um dia destes catar umas caches :p.
      Agora que penso nisto, aí no Canada é que deve ser fixe fazer geocaching.

      Bjinho

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    8. Ah eu conheço sim, mas só de nome porque nunca lá fui :)

      Cátia, tens que vir fazer umas caches a Castelo de Vide. Ouvi dizer que há aqui sitios lindíssimos onde esão escondidas algumas.

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    9. Gostava imenso de ir. Já estive a ver e não fica muito longe. O mais difícil é arranjar uma data disponível com os meus irmão, mas é um caso a estudar ;)

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  4. Eu sempre gostei muito desta época e prezei muito este tipo de tradições. De qualquer forma nem este ano escapei, trabalhei o fim de semana. Mas pronto, o que interessa é manter o espírito.

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    1. Ois Nuno,

      Ainda tens que fazer uma mensagem sobre a tua terrinha, toca a promover :D

      Abraço

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    2. É uma bela ideia. Assim ficávamos a conhecer um pouco melhor quem por aqui passa e as suas origens. E ao recordar estas coisas vem sempre a nostalgia tão boa da época em que éramos crianças.

      Sei bem o que isso é Nuno, durante 3 anos nunca soube o que era o Natal por passava-o sempre a trabalhar (sim, há pessoas que ligam para call centers na noite da consoada, em plena hora de jantar!)

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    3. lol os meus seguidores é só dizer que eu adiro logo à ideia e sem duvida que ficamos a saber mais um pouco sobre cada um de nós :)

      Mau é não ter trabalho, é a vida :D

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    4. Tens toda a razão, era pior não ter trabalho. Mas isso de trabalhar no natal era suposto ir rodando todos os anos, mas no final calhava sempre aos mesmos e isso é que era revoltante. 3 anos sem passar o natal em família. No ano passado até estranhei estar cá com eles :)

      Quanto à ideia dos posts era bem gira. Outra forma de conhecermos o nosso país

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  5. Olá Sofia
    Conheço a realidade do que falas, pois sou alentejana também :)
    Mas já há muito tempo que vivo perto de Lisboa, no entanto o local onde vivo acaba por ser como que uma aldeia e ainda há muito um costume semelhante. No dia 1 de Novembro, lá andam os miudos aos grupos a pedir o "Pão por Deus", com talegos e saquinhos lá vão amealhando doces e frutos secos da época.
    é de facto uma pena que se percam estas pequenas tradições que caracterizam o nosso povo.
    Gostei muito do teu testemunho e espero que tenhas passado um excelente 1 de novembro .
    ai as migas....!!! que saudades ....dessas mesmo :D

    beijinhos

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    1. Olá Caminhante!

      Nunca tinha ouvido falar em pedir "Pão por Deus", mas acredito que o conceito seja semelhante. Nem pensava que ai escrever este post ia ficar a conhecer tantas tradições desta época de várias zonas do país.

      É verdade, sem ser a tradição de Halloween americana, não se ouve falar em tradições semelhantes em mais lado nenhum.

      Obrigado e fico contente por teres gostado do testemunho. E não penses mais nas migas senão não dormes!

      beijinhos

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    2. Nem mais por aqui também é o "Pão por deus" :D

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    3. Essa expressão faz-me lembrar o pão-de-deus com côco às raspas por cima :)

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    4. que também não deixa de ser bom ....:D

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  6. Olá Sofia,

    adorei o teu texto!!
    Quero ir a Castelo de Vide e podem fazer papas de milho para mim!! Na verdade não estou certa do que estás a falar, mas a minha avó fazia "papas de carolo", assim chamamos, papas de farinha de milho, doces. Eu passo a vida a lembrar-me disso e ninguém faz para mim...
    Tenho de organizar uma visita com os meus irmãos. Praticamos geocaching e gostamos de conhecer novos locais e culturas.

    Não conhecia essa tradição, tenho de perguntar aos meus pais de faziam por cá.

    Gostei especialmente do teu desabafo final. Realmente não ligamos nenhuma á nossa cultura e queremos sempre adoptar tradições que não são nossas. Tudo se vai perdendo com o tempo e deixamos de saber quem somos se não conhecemos as nossas raizes.
    Na minha aldeia já não se faz nada... O madeiro no Natal é pouco visitado, já não se cantam as janeiras como antigamente, a malta nova não quer e as colectividades fazem disso um peditório e não gosto nada da maneira como o fazem. Eu gostava de experimentar este ano com o meu grupo de violas, vamos ver.
    Agora pensando bem, a minha aldeia não tem grandes tradições, apenas as romarias habituais.
    Quando era mais nova, fazia-mos as marchas nos santos populares e na noite de Santa Bebiana desfilávamos pelas ruas a fazer alta chinfrineira com chocalhos das cabras. Eu adorava isso!

    Agora não há nada, está tudo muito diferente. Toda a gente tem ideias, toda a gente se queixa, apontam-se culpados, mas ninguém sai de casa :S

    Acho que temos de ser nós a arregaçar as mangas e continuar ou recriar as tradições. A tradição faz-se e se nós não fazemos, os nossos filhos nem vão saber que existiram tais rituais.

    Beijinho

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    1. Olá Cátia,

      Gostei do teu comentário. As terras pequenas têm sempre esse problema. Os mais novos acabam por se ir embora e os que ficam são cada vez menos e acaba por não haver iniciativa. Por cá também se perderam imensas tradições, como as marchas nos santos populares e algumas romarias a uma ou outra igreja. Felizmente nos ultimos anos tem-se recuperado algumas. Por acaso o presidente que cá temos e as juntas de freguesia têm trabalhado muito na recuperação de algumas festinhas e muitas vezes aproveitam e revertem os lucros a favor dos bombeiros. Já não é mau de todo.

      Mas é triste esta necessidade que o povo português tem de copiar tudo o que os outros fazem. Seja nas festas, seja nas novelas, seja na musica, tudo... Parece que o que nós fazemos, aquilo que é realmente nosso, nunca é bom que chegue. Só o que os outros fazem é que é bonito. É por estas e por outras que não gosto do Algarve. Há muito tempo que deixou de pertencer a Portugal, mas isso é outro assunto.

      No fundo, se formos a ver bem, a tradição de Halloween americana e o Dia dos santos, não são assim tão diferentes. Em ambas, lá vão as criancinhas para a rua pedir doces. Pronto, para quem goste de Carnaval acredito que o Halloween seja mais apelativo, mas pronto...

      Acho que fazes muito bem em tentar recuperar as janeiras. Por cá também já mal se cantam.... E o que importa é ter a iniciativa. Por cá começou tudo com um pequeno grupo que começou a recuperar essas coisas. Cantam as janeiras, fazem presépios vivos, sei lá... E assim começou a haver mais pessoas a segui o exemplo. Só custa começar!

      beijinho

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  7. Bolo finto?? mham :) migas? não obrigada lol nhac.. nunca consegui provar, sorry :( mas concordo ctg.. porque raio tentamos trazer uma tradição que não é nossa?? Não acho piada nenhuma ao halloween.. mas cada vez mais os miúdos, na escola e com os filmes, aderem muito mais a isso... miúdos e graúdos! A mim... sinceramente? passou-me ao lado lol

    * mary red hair *

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    1. Olá Mary

      Pronto se as migas não convencem podemos sempre falar em carne de porco à alentejana ou um bom cozido à portuguesa! Não são tradicionais desta altura, mas são uma delícia, à mesma.

      Eu continuo na minha: os adultos só aproveitam para tirar os fatos de carnaval do baú e nada mais. Acredito que os miudos achem realmente piada à ideia das travessuras. Mas pronto... É coisa que não me seduz. O Markl também dizia que o halloween ainda está em fase de experimentação por cá, mas que provavelmente na altura dos nossos netos já deve ter passado a tradição portuguesa...

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  8. É o preço a pagar por vivermos num mundo cada vez mais globalizado cara S pinelli, se por um lado cada vez compreendemos melhor o que se passa lá fora, lembro-me do mais recente filme do Seth MacFarlane, "Mil e Uma Maneiras de Bater as Botas" (A Million Ways to Die in the West) em que percebi todas a piadas e "piscar de olhos" porque cresci com os mesmos programas que ele, a verdade é que também começamos a adoptar o que vem lá de fora porque é mais fixe. E não é só nas tradições que se observa isso, também na literatura copiamos os modelos lá de fora, o que é pena porque temos uma historia muito rica.

    Um abraço

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    1. A questão é mesmo essa, temos um país muito rico não só em tradições mas também a nível cultural (aqui acho que ainda podiamos ser melhores, mas pronto...) e mesmo assim preferimos copiar o que vem de fora.

      A ideia da aldeia glogal está cada vez mais presente e com as novas tecnologias é normal que cada vez se saiba melhor e mais rápido o que se vai passando no resto do mundo, para o bem e para o mal. Eu mesma prefiro ver tv americana (desde as séries, os filmes, e até alguns talk shows), porque o que temos em portugal é para esquecer.... E também, como disse num comentário anterior, a tendência é para que as tradiçoes das terras pequenas acabem por cair no esquecimento. Quanto mais não seja porque cada vez mais os jovens optarem por sair desses meios pequenos.

      Mas é bom recordar o que nos fez feliz em crianças.

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  9. Olá :)
    Acho que nas futuras gerações, os miúdos vão querer um pouco dos dois. Essa vossa tradição é muito interessante (cá em cima para o Porto não há nada disso, o que é uma pena!) e é uma maneira de dar a entender que o dia de Todos os Santos pode ser passado de uma maneira formidável :)
    No entanto, o halloween, apesar de não ser uma tradição portuguesa, também é muito divertida e tem uma história fantástica :)
    Como já referi, cá em cima não há nada da tradição dos Santinhos, mas a minha família junta-se e esse dia é passado em casa do meu avô, onde comemoramos a nossa junção :D
    Beijos,
    -F

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    1. Olá :)

      Se passam o dia em família, já é uma boa tradição.

      Pois, eu acredito que os miudos gostem mais do Halloween por causa de poderem fazer algumas diabruras mas seja como for ambas as tradições são interessantes, claro.

      beijinhos

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  10. Olá Sofia,

    gostei muito de ler a tua mensagem. A forma como contaste esta tradição, como descreveste a tua vivência em torno dela fez-me desejar que por aqui também houvesse algo do género.

    Concordo contigo. É uma pena estarmos a perder as nossas tradições para adquirimos outras que até não são originais, na medida que a sua essência também já não é a original. É como uma espécie de McDonalds (nada contra a cadeia de restaurantes, apesar de não ser algo que aprecie!) e outras coisas do género...perde-se a essência e o que vale é o lucro.

    Espero que esta tradição, tal como outras, não se perca e que continue a perdurar por muito tempo.

    Obrigada pela tua partilha =)

    Beijinhos

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    1. Olá Miss Lamora,

      Fico feliz por teres gostado. A verdade é que se eu fosse a falar de tudo o que me faz voltar à infância, dava para escrever um livro (nem que fosse de memórias). Adoro partilhar estas pérolas.

      Faz-me uma certa confusão ver por aqui v´rias pessoas a queixarem-se do mesmo. De não terem este tipo de tradições ou as poucas que têm estarem a desaparecer. Já dizia o Markl no texto que refiro lá em cima: para os nossos filhos e os nossos netos, o halloween vai ser uma tradição que sempre existiu. Gosto de pensar que por cá não vai ser assim, mas ao mesmo tempoo...

      Obrigado pelo comentário :)
      beijinhos

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