Muito se fala nesta altura sobre o
Natal. Criticamos o espírito consumista que a festividade trás consigo,
pregamos sobre o amor e a amizade, e fazemos a lista de afazeres até à
noite da Consoada. Acredito que se perguntarmos a várias pessoas qual o
verdadeiro significado do Natal, encontraríamos respostas bem
diferentes. Mas também acho que o Natal é para a pequenada e, quando não
há crianças por perto, perde um pouco a sua magia. Não quero estar a
reforçar a veia consumista do Natal, mas acredito que não haja alegria
maior para um pai que ver a felicidade do filho na hora de abrir os
presentes. Pelo menos no meu tempo era assim, hoje em dia já não
concordo tanto. Mas não queria que este texto enveredasse por esse
caminho, que é um tanto atribulado.
O
que eu queria mesmo era falar-vos um pouco daquilo que guardo da minha
infância, no Natal. Mais do que uma altura para receber presentes, era a
altura em que a minha tia vinha passar uns dias connosco. Só por isto,
já valia a pena ser Natal. Recordo-me que a noite da Consoada era sempre
em casa da minha avó materna. A casa, como tantas outras em Castelo de
Vide, não era muito grande, mas era acolhedora. Assim que passávamos a
porta de entrada surgiam as escadas que levavam ao primeiro andar, onde
era o quarto dos meus avós e uma sala onde o meu avô tinha os seus
discos e livros. Seguindo as escadas, em direcção ao segundo andar,
entrávamos na cozinha e ao lado estava a sala de estar. Lembro-me
perfeitamente destas duas divisões. O fogão por baixo da chaminé, os
alguidares que serviam de lava-loiça, alguns tachos pendurados na
parede... Vai-se lá entender as decorações de antigamente, mas a verdade
é que só de recordar isto, me dá vontade de lá voltar e ir ver o que a
minha avó está a fazer ao pé do fogão. Também me lembro perfeitamente
dela, sempre com um xaile de malha castanha aos ombros, debruçada sobre a
panela a provar a sopa. Canja, certamente, com umas massas redondas que
eu não gostava nada, mas de que ainda sei o sabor. Onde já se viu canja
sem massa de letrinhas?
A
noite da consoada era passada por aqui. A avó fazia o bacalhau com
couves, batata e cenoura. Sempre com pouco sal, por causa dos diabetes
do avô. Para sobremesa havia arroz doce, que eu deixei de provar quando
estava quente, quando percebi que isso faz muito mal à barriga. E a avó
bem me avisava, mas lá me deixava sempre comer um bocadinho. Não me
lembro muito mais sobre o que se comia nesta noite, que de certeza não
seria só isto, mas é o que me vem à cabeça. Sei que muitas vezes torcia o
nariz às couves e ao bacalhau. Sempre achei estranho que numa noite tão
especial se comesse um prato tão sem graça. Claro que me obrigavam a
comer, afinal de contas eu tinha apenas uns 5 ou 6 anos, mas lembro-me
de um ano que a minha avó fritou rissóis de propósito para mim. Sim,
também não era nada de especial, mas os rissóis da minha avó eram
deliciosos, e feitos em especial para mim.
Na casa da minha avó não havia
aquecedores, havia uma braseira dentro da mesa onde jantávamos. E como
uma braseira e uma miúda de 5 ou 6 anos pode ser um bocadinho perigoso, a
minha avó andava sempre de olho nas duas. A porta da cozinha (que ainda
me lembro ser azul) era sempre fechada para conservar o quentinho.
Depois de jantar, o meu pai e o meu tio iam beber café à vila e os
restantes ficavam por casa. Conversava-se, por incrível que isso possa
parecer. A minha avó era muito poupada quanto ao uso da televisão e nem
me recordo se a ligavam sequer. Sei que enquanto estivéssemos a jantar,
não havia televisão para ninguém. Era a altura ideal para saber
novidades uns dos outros, em especial dos tios que vinham de longe para
aquela noite. O meu avô lá ia brincando comigo, quanto mais não fosse
dizendo umas palermices. E eu lá ia brincando com alguma coisa, fosse
com algum livro de colorir ou algumas Barbies que levava comigo.
Não
esperávamos até à meia noite para abrir os presentes. Em primeiro lugar
porque eu não cabia em mim de excitação e depois porque os meus avós
gostavam de dormir cedo e os meus tios também estavam cansados da
viagem. Por volta das 22h horas, o meu pai e o meu tio voltavam da rua e
fechavam cuidadosamente a porta da cozinha para não deixar sair o
quentinho da sala. Sentavam-se um pouco ao pé de nós e empatavam com
mais um pouco de conversa. Quando finalmente se decidia que era hora de
abrir os presentes, deixavam-me ir abrir a porta da cozinha. Toda a
gente sabe que o Pai Natal deixa as prendas debaixo da chaminé, e no
momento em que eu abria aquela porta azul, caía-me tudo aos pés. La
estavam elas, bem compostas debaixo da chaminé, com papéis de embrulho
lindos e laços bem grandes. E eram sempre tantas! A minha avó metia as
mãos à cabeça, com medo que eu me sentisse mal com tanto entusiasmo. Já
ouvi dizer que chegava a ralhar aos meus pais por me darem um choque tão
grande.
Claro
que, na altura, tinha mais em que pensar do que propriamente nos meus
pais, mas hoje que olho para trás posso imaginar a sua alegria por me
verem tão feliz naquelas noites. E não me tomem por uma menina mimada,
que os presentes não eram só para mim! A pilha que estava sempre debaixo
da chaminé, tinha os presentes da família toda. Até os que tinham
ficado debaixo da nossa árvore de Natal, em casa, e que apareciam ali
como que por milagre. Cabia-me a mim a tarefa de ir buscar os presentes e
distribuir pelos respectivos donos e só depois de estarem todos
entregues, começávamos a abrir.
Durante
anos estas noites foram um mistério para mim. Eu acreditava no Pai
Natal, como na altura era normal (hoje em dia nem tanto...), e todos os
anos escrevia uma carta com a lengalenga de me ter portado bem, ou pelo
menos assim assim, e uma lista com o que gostava de receber. Era lista,
não por querer receber aquilo tudo, mas para o Pai Natal poder escolher
o que me oferecer. Era uma ingénua, eu sei. A lista ficava pendurada na
porta do frigorífico e um dia desaparecia misteriosamente. Se o Pai
Natal não existisse, como era possível que os presentes surgissem
debaixo da chaminé da minha avó?
Só
anos mais tarde dei por mim a pensar no assunto e a desvendar o
mistério. Claramente, o meu pai e o meu tio aproveitavam a desculpa do
café para deixarem os presentes todos na chaminé. A conversa que se
gerava na sala, seria suficiente para abafar os barulhos que eles
fizessem ao subir e descer as escadas. Nunca esclareci este facto, mas
acredito que muitos dos presentes estivessem guardados já no quarto dos
meus avós e que naquela noite voltassem à minha casa apenas para ir
buscar as prendas que ficaram na árvore, horas antes.
Como
disse há pouco, o Natal é das crianças e acredito que ver o sorriso na
cara dos filhos ao abrir os presentes seja o suficiente para aquecer o
coração de um pai. E de certeza que os meus pais sentiam isso, mas que o
momento em que a porta azul se abria e eu ficava especada a olhar para
aquelas prendas, devia ser inestimável para a minha família.
Bons
tempos, sem dúvida, que recordo hoje com muito carinho. Quando for
grande também quero ter uma chaminé para poder passar esta pequena magia
aos meus filhos. Um dia...
Ois,
ResponderEliminarOlha que texto tão bom, gostei muito de teres partilhado a tua experiência e sem duvida que hoje olho ao Natal e o que mais vejo é mesmo consumismo.
Mas felizmente a familia tem por habito juntar-se todo o ano e claro tambem no Natal, tem que sempre haver um pai natal (já me calhou eheeh) e sem duvida que juntamente com as crianças é o melhor que o natal nos oferece :)
Ai eu recordo-me de esperar pelo dia seguinte e ir à cozinha ver se havia algo no sapatinho, era uma alegira, uns berlindes, um carrinho, peão, era uma alegria sem duvida, nada como hoje eheh
Gostei muito do texto, muito obrigado por o teres partilhado no blog, penso ser sem duvida uma mais valia :D
Bjs e bom natal :)
Fiacha, uma ideia. E que tal pedires a mais leitores que possam ter histórias bonitas do Natal para partilhar? Aqui ou no Cantinho? Era engraçado!
EliminarMas no fundo este texo serve para isso, é a tua experiência e a malta acaba por partilhar a sua tambem ehehe
EliminarBoa, sendo assim fico à espera para ler mais algumas recordações!
EliminarVai acaber por acontecer de forma natural e esqueci-me de comentar uma coisa bela foto :D
EliminarLOL Era fofinha quando era pequena. Essa foto não foi tirada no Natal mas foi o mais parecido que arranjei. De certeza que tenho fotos ao pé da tal pilha de prendas mas tinha que procurar na pilha igualmente grande de albuns de fotos da minha mae. Se ainda encontrar, partilho
EliminarTenho a certeza que continuas a der fofinha em especial para aqueles que te são mais próximos ehehe
EliminarPor acaso está excelente fica enqadrada com a mensagem :)
Tem dias ehehe
EliminarPor acaso, pra o texto sobre o dia dos santos sei que tenho uma fotografia com a tal bolsinha de renda, coma minha prima ao lado. Mas só de pensar em ir procurá-la... ui
Que texto tão bonito!
ResponderEliminarFez-me lembrar da minha infância. O natal era passado em casa da minha avó materna em Trás-dos-Montes. Pouco me lembro dessa altura, mas lembro-me de deixar as prendas em minha casa e só quando voltava é que as abria! Conseguia resistir à tentação de as abrir antes!
A partir deste ano a sensação será diferente, pois tenho um príncipe para fazer brilhar mais o meu Natal.
Será sempre mágico! Obrigada por partilhares a tua história!
Um Feliz Natal!
Beijinhos e boas leituras
Ois Isaura,
EliminarPor achar o texto bonito é que pedi à Sofia para o partilhar, penso que assim podemos ficar a saber um pouco melhor como foi o natal de cada um ehehe...e em trás os montes bolas por esses lados é que devia ser frio :D
Bjs e boas festas ehehe
Olá Isaura,
EliminarFico feliz por teres gostado do texto. Hoje tenho andado nostálgica, nem sei bem porquê... Acho que o que continua a dar este toque de magia ao Natal são mesmo as recordações da nossa infância.
Não te esqueças de fazer umas surpresas destas ao teu pequenino, que de certeza ele irá recordar por muitos anos. Já levas daqui uma ideia engraçada. Só é preciso uma chaminé :)
Um Feliz Natal!
Fiacha,
ResponderEliminarSim era bastante frio, mas realmente não me lembro muito bem dessa época pois era muito pequena. Mas sim era frio, pois vou lá no inverno e não se pode!!! :)
Beijinhos e boas festas também
Ui sei bem que essa região é bem fria, mas tambem muito bonita :D
EliminarPelo menos trás-te recordações desses tempos ehehe e sabe sempre bem voltar a um local onde já fomos muito felizes :)
Mas olha que com esse frio todo é que deve mesmo saber a Natal. Com direito a neve e tudo. Este ano ainda não me mentalizei que é quase Natal. Tem estado um tempo tão bom!
EliminarSofia,
ResponderEliminarEsta época deixa-nos mais nostálgicos. Eu penso sempre em pessoas que já não estão comigo e que gostaria que estivessem, nas coisas que fiz durante o ano...enfim...uma época de balanço e de muitas lembranças!
Vou tentar proporcionar os melhores momentos ao meu filho! Ele ainda é muito pequeno, por isso este ano nem se vai aperceber de quase nada. Mas claro, as memórias começam desde cedo :)
Obrigada por me deixares a noite um pouco mais mágica :)
Beijinhos e boas festas também para ti
E agora acabaste por tocar num ponto sensível. Eu também me lembro muito dos que já não estão. Do meu avô, que refiro na história. Parece que o estou a ver sentado à mesa sempre com o gorro na cabeça. E mais que isso, lembro-me da minha avó paterna que faleceu num acidente de carro na noite de Natal. Nunca mais foi o mesmo desde esse ano e é impossivel estarmos a jantar em família e não nos lembrarmos desse Natal.
EliminarMas não nos podemos esquecer dos que cá estão, e quando se tem uma criança é tudo diferente. Eu ainda não tenho essa sorte, mas mal posso esperar por esses tempos. Se ainda é pequenino é normal que não perceba nada do que se passa, mas para o ano já é diferente. Até ter alguém vestido de pai natal tem o seu encanto. A partir de uma certa idade eles já percebem que é a mae ou o pai ou o tio...
De nada :D
Um texto bonito e sobre o qual teria também muito a dizer, mas bastará dizer que no essencial é parecido com o que se passava lá em casa.
ResponderEliminarUm abraço e obriga pela partilha Sofia :)
Marco, não te acanhes! O Fiacha gostou da ideia de partilharmos a nossa história de Natal. Fica a dica :)
EliminarAposto que com o meu texto ponho todos a recordar e com vontade de partilhar.
Obrigado pelo comentário e fico feliz por teres gostado.
Obrigado :)
Por acaso concordo com a Pinelli toca a partilhar o teu natal Marco :D
EliminarVá, estamos à espera!
EliminarOlá Sofia e Fiacha
ResponderEliminarAntes de mais, deixa-me dar-te os parabéns por este momento mágico de recordação do Natal. Ideia muito boa e muito bem escrito, gostei muito.
E de facto a tua história fez-me voar muitos anos atrás. Também eu sou alentejana e esperar na noite de natal, sentada a uma mesa com braseira por baixo, uma camilha como lhe chamavam as minhas tias, as noites frias.
No entanto nesse tempo quando eu era pequena, só se viam as prendas no dia seguinte. No dia de natal acordávamos bem cedo e lá íamos cuscar o que havia na chaminé.
Hoje é tudo muito diferente, mas de facto é uma altura do ano em que gosto bastante, desde o convivio com familiares que estão longe e que podemos ver. as crianças pequenas e grandes, os meus filhos já são grandes e ainda são crianças para mim nesta altura, gosto de mimá-los, gosto de fazer eu própria os presentes e embrulhá-los de acordo com os presenteados.
foi bom ler este texto e recordar.
Obrigada ^_^
Feliz natal a todos
Olá Caminhante!
EliminarDesde já agradeço os parabéns. Fico muito contente por estar a despertar as recordações natalícias de todos os que por aqui estão a passar. Cá também lhe chamávamos as camilhas e a toalha que as cobriam chamavam-se "saia da caminha". Faz todo o sentido :)
Eu já não sou do tempo em que as prendas se abriam no dia 25. Lembro-me que era suposto esperar até à meia noite, mas a essa hora já eu dormia na minha caminha. Ou tentava, que às vezes a excitação era tanta e a vontade de brincar com tudo o que recebera também, que mal pregava os olhos.
Hoje é muito diferente, sem duvida. Espero um dia, quando tiver os meus filhos, conseguir passar-lhes a alegria que sentia quando era pequena. Hoje os miudos só se importam com as prendas e pouco mais. E mal vai se não é uma coisa xpto.... Enfim...
Bom Natal!
Olha que bem, gostei de saber um pouco de como a Caminhante passava os seus natais alentejanos, muito bem :D
EliminarE estou a ver que os Natais alentejanos são muito bons. Só cá falta a neve, mesmo!
EliminarOlá Sofia :D
ResponderEliminarQue texto tão bonito e cheio de recordações!
O meu Natal também era passado na casa dos meus avós. A família juntava-se toda e apesar de sermos só nove netos conseguíamos sempre montar um teatro e um festival da canção para a noite da consoada. Era tão bom!
A ementa era a mesma, mas havia ovos cozidos para os esquisitos e quanto ao arroz doce... eu vou comer quente até descobrir como pode fazer mal :P
Também tinha-mos uma braseira e adorava subir a toalha (que chamamos camilha) até ao pescoço para ficar quentinha.
Os presentes eram abertos depois de vir da missa do galo. Não havia pai natal. Deixávamos um chinelo ou pantufa junto da árvore e quando vinhamos da missa a magia já tinha acontecido :D
Depois os avós morreram, os primos começaram a casar e os Natais foram perdendo gente e graça e para mim morreu mesmo.
A vida deu um trambolhão e houve mesmo uns natais que nem quero lembrar.
Depois a vida voltou a sorrir e uma criança alegra qualquer casa, quando o meu filho tinha cerca de 3 anos comecei a fazer magia para ele :D
Quanto ao Natal consumista, o meu filho tem-me dado grandes lições. Ele põe-me na ordem, acredita!
De a uns anos para cá os meus Natais são muito atarefados. Para além do trabalho (restaurante) que não me permite ter férias nem folgas, tenho sempre festas para preparar e logo em outubro entro em modo Natal.
Este domingo ajudei a animar a festa do infantário a cantar para os miudos e convidados e foi maravilhoso. Se o Natal é esta alegria eu vivo o verdadeiro Natal.
Também estou a preparar duas apresentações do meu grupo de violas e a preparar o coro para a missa do galo :D.
Não sou grande católica mas acabo por me contagiar. E isto das dinâmicas do advento e os desafios e descobrir músicas bonitas e cantá-las faz-me tão bem a alma.
Em casa o Natal passa muito rápido... saio do trabalho, janto com a família, fazemos uns jogos até a hora da missa do galo, no fim vamos um pouco ao madeiro e as prendas só ao outro dia. Depois passo o dia 25 quase todo a dormir com o pirata :D
Desculpa o testamento, mas a culpa é toda tua! Tu que começaste :P
Beijinhos
Olá Cátia!
EliminarNão tem problema nenhum ser testamento, aliás a ideia era mesmo que o pessoal partilhasse as suas recordações.
Bem, só por serem nove netos já devia ser uma alegria. Eu era a única criança, sempre se torna menos animado. Mas imagino a alegria entre os primos a preparar o teatro e o festival.
Por cá nunca tive o hábito de ir à missa do galo. Também se faz, claor, mas é tradição que a minha familia nunca seguiu. Assim até faz sentido que se esperessa até depois da meia-noite para abrir as prendas, podia ser depois da missa. Mas nunca assisti a uma missa do galo e nem sei ao certo o que tem de diferente das outras (só que se dá um beijinho num cristo bebé).
Também recordo alguns natais menos bons, péssimos mesmo, mas talvez sejam esses que me façam ter uma melhor recordação dos natais bons, passados em familia. Hoje já não dou tanto significado ao Natal e durante alguns anos passei-o mesmo a trabalhar. Fazia-se o que se podia entre os colegas. Levávamos uns miminhos para dividir por todos na hora de jantar e tentávamos que a noite fosse animada, mas era sempre mais triste... Houve um ano que os meus pais puderam vir jantar comigo na noite de Natal. Como vivia sozinha e trabalhava de madrugada, levaram a comida já de casa, levaram os cães e dormiram na minha casa enquanto eu ia trabalhar. Também foi um bom ano, o primeiro em muito tempo...
As crianças à vezes surpreendem-nos, parecem mais adultas do que nós. Já não é a primeira vez que te vejo a referir ao teu filho como sendo um equilibrio para ti, e acho muito engraçado. Há-de sair daí um homenzinho como aqueles que já não se fazem hoje em dia :)
Ah!! Esqueci-me do madeiro!! Cá também se faz no Natal e na Passagem de ano. Até já apareceu nas noticias uma vez ou outra. Quando era pequena era raro lá passar porque fazia muito frio, mas agora passo sempre lá. O meu namorado, que não tem nada disto na terra dele, gosta muito do convívio que se gera ali em torno no lume. É muito bom :)
beijinhos
Tenho texto cheio de erros, mas acho que percebes lol
EliminarBem a a Cátia volta a brindar-nos com um texto muito giro, adorei conhecer como foi e como é os seus natais, muito bem e o Pirata já mostra ser um senhor sim senhor ;)
EliminarEu também gostei muito de ler o comentário da Cátia :)
EliminarNão me lembrei da parte de beijar o menino... para ser sincera eu tenho trauma com isso e não beijava por medo (partir um dente da frente, não gozem mas penso sempre nisso :P), como agora costumo estar a tocar viola no coro o padre vai até lá e não posso dizer "Não obrigado, pode ser perigoso", mas fico sempre aflita Lol.
EliminarO meu filho no Natal não costuma pedir muito, ou porque vai tendo novos brinquedos durante o ano, ou porque acaba por viver este Natal agitado a ajudar-me com as tarefas todas... não sei. A verdade é que nunca acerto com as prendas e acaba por ligar ás mais simples.
No ano passado pediu-me um carro telecomandado e eu como até tinha uns trocos fui procurar o maior que vi. Tudo a grande!!!
Dias antes visitei uma Aldeia Natal, Cabeça, no concelho de Seia (pesquisem é maravilhoso o projecto) e havia uma casa do museu do brinquedo de Seia. Vi um pião, que custava 1€. Comprei e disse aos meu irmãos que ia dar ao Diogo no inicio só para chateá-lo e no fim aparecia com o mega carro.
Resultado... O pirata fez um festa enorme com o pião e não quis saber do carro para nada. Passou a manhã toda com os meus pais a lançar o pião e eu aprendi uma lição. Ele só quer brincar!! Nós é que fazemos os miúdos consumistas. Não devemos estragar :)
Este ano comprei só uma lembrança, mas já estou a preparar outra partida para lhe fazer :P. Vamos ver quem se vai rir mais hehe
A parte de beijar o menino que me faz confusão é mesmo o facto de TODA a gente que está na igreja ir lá beijar o menino. Dentro da igreja não herpes nem micróbios??
EliminarO teu miudo deve ser mesmo fora de série. É que hoje em dia já nem se vê miudos a brincar com peões, berlindes e esse tipo de brinquedos mais simples. Mas sim, a culpa é nossa. E depois há aqueles casos em que os miudos querem coisas mais caras porque o amigo também tem... Pelo que vejo o teu filho deve ser bem simples e humilde. Assim é que é :)
Grande pirata é um senhor :D
EliminarBem este texto criou uma nostalgia brutal em mim :), este natal que descreves é 90% igual ao meu, e sim, quando era criança tinha mesmo outro espírito que nestes últimos anos não consegui encontrar =/, deve ser da idade.
ResponderEliminarPS: Não sei porquê também me veio à ideia a música Postal dos Correios dos Rio Grande xD
Abraços Sofia
Olá Luis, vá partilha lá os outros 10%, que nór queremos saber :)
EliminarNão sei porquê, mas essa musica tem sempre uma certa capacidade de nos fazer pensar um pouco no passado. É estranho, mas até percebo que te lembres dela.
Sim deve ser da idade, e de já não acreditarmos no Pai Natal :S
beijinhos Luis
Bem, a família não vem de muito longe, está tudo em Portugal, e no meu Natal o que também é sempre sagrado acontecer é as ditas filhós, o joguinho de cartas a seguir ao jantar e ouvir as mesmas anedotas todos os anos xD
EliminarFilhós... para mim mal fritas e a saber a bagaço :p
EliminarNão engordo com os doces de natal, pois massas fritas não são o meu forte :)
Uma boa forma de passar o natal, em familia Luis, penso não haver melhor :D
EliminarOlha que a minha familia também não vinham de longe. Vinham de Lisboa, de expresso, que na altura demorava 5 horas de viagem (na melhor das hipótestes). Era uma sova daquelas....
EliminarOlha, as filhós! Por acaso não gosto muito, prefico as azevias (em alguns sitios são pastéis de grão) e fatias douradas. Ai que maravilha!
Nunca comi azevias, acho que nem vi. As filhós mudam muito de umas aldeias para as outras. Gosto das que se fazem na minha aldeia, são bem doces e aquele toque de aguardente... bem boas. Mas não ligo muito. Em casa como sempre a da prova, mas frita.
EliminarOlha, domingo vou fazer azevias com as minhas tias (vou aprender a fazer!) e se puder tiro fotos para te mostrar. Mas a massa é a mesma que a das filhóses só que são fechadas e por dentro leva um género de doce de grão. Esse doce também leva aguardente, mas não fica a saber muito a bebida. Depois podem ser fritas como as filhóses ou cozidas no forno - que são as minhas favoritas. É muito bom. As filhóses não me atraem porque a massa enjoa-me um bocado, mas a azevia tem o doce e só por isso já é uma tentação.
EliminarPois eu cá papo tudo, filhós, azevias, sonhos, fatias douradas, coscorões xD a única coisa que vai mal é o doce mais tradicional de todos, o bolo rei xD não posso com a fruta cristalizada
EliminarAi os sonhos!! Tenho que fazer este ano... E as fatias douradas só gosto das que a minha tia faz, mas são a minha perdição. Também não gosto nada do bolo rei. O bolo rainha, como não leva a fruta cristalizada até se come. Mas não gosto muito de bolos secos... Ah e uma vez ia engolindo o raio do brinde e então aí é que não fiquei mesmo fã!
EliminarAi ainda falta tanto e já se fala nos doces, algo que não pode faltar .D
EliminarOlá Sofia!
ResponderEliminarGostei do teu texto. Partilhaste um pedacinho da tua infância. A minha experiência natalícia foi diferente da tua. Não ia para casa da minha avó porque a única que tenho estava sozinha e ia passar o Natal connosco ou com os meus tios. Anos mais tarde passou a viver na casa dos únicos filhos que viviam na aldeia, o meu pai e a minha tia. Ainda assim é nos dias de hoje. Um mês em casa de cada filho. E ela gosta.
Não me perguntem porquê mas nunca passamos o Natal todos juntos. Talvez porque o meu pai tinha o dom de estragar o mesmo ou porque simplesmente éramos filhos do bêbado.
Não me recordo muito do Natal na minha infância. E o que me recordo prefiro deixar guardado porque me magoa.
Para mim eu recebia presentes (pouquinhos)porque era Natal e porque o Natal era o nascimento do menino Jesus. Então quem me dava presentes era o menino Jesus. Nunca houve cá essa história de pai Natal a trazer presentes.
Só descobri o verdadeiro significado de espírito Natalício quando conheci o meu marido. Foi a partir desse momento que comecei a perceber o que era realmente Natal. Vale mais tarde que nunca.
Lembro-me perfeitamente do que se comia. Na minha terra chama-se couvada. Bacalhau com batatas e couves. Aquela qualidade de couves a minha mãe semeava propositadamente para a noite de Nata. E o azeite novo também se estreava nesse dia. Rsrsrs nem tudo era mau. Ah e íamos a missa do galo que era bem cedo porque o padre era velho e queria assistir as festividades religiosas da televisão.
Eu gosto muito do Natal hoje em dia e concordo contigo. É muito confortante ver a alegria dos filhos quando abrem os presentes.
Este ano decidi dizer ao meu filho que o pai Natal não existe. Que são as pessoas que oferecem presentes umas as outras.
Não acho correcto os católicos festejarem o Natal e parece que o Natal é o pai Natal a trazer presentes. Como ele anda aqui numa escola católica. Na escola fala-se na nossa religião. O significado do Natal. Então em casa decidi dar continuidade a esse significado. O nascimento de Jesus. E sim isso é que é o Natal o nascimento de Jesus. O meu filho não reagiu mal aliás nem deu importância. O que quer é presentes venham eles de onde vierem. Tive também o cuidado de lhe dizer que não deveria contar a ninguém. Porque existem meninos que acreditam e iriam ficar tristes se soubessem.
Como tenho estado a tentar escrever este comentário toda a manhã nos meus minutos livres estou um pouco perdida.
Feliz Natal :)
Ois Luisa, a Sofia depois comenta melhor, mas não estás nada perdida, é sem duvida a tua história e gostei muito de a conhecer, estamos sempre a tempo e acredito que tenhas muitas saudades dessas couvinhas da mãe e o azeitinho que se abria :D
Eliminarbjs e boas festas :)
Olá Luisa!
EliminarSem dúvida uma história bem diferente da minha. Mas olha, também tenho más recordações do Natal (já contei lá em cima noutro comentário para a Isaura) e a partir de certa altura nunca mais foi o mesmo. Acho que foi quando deixei de acreditar no Natal e até criei um certo ódio ao tal menino jesus. Com 6 anospercebi que o Natal não são só coisas boas, como acreditava até ali. Mas com o tempo passa.
Ainda bem que o teu marido te deu a conhecer esta tradição melhor, que apesar de ser uma altura muito consumista, é uma forma de as familias se juntarem. Normalmente, claro. No teu caso já vi que a situação era complicada.
Nunca tinha ouvido chamar couvada às couves e ao bacalhau, já aprendi uma nova hoje! Ai o padre despachava para ir ver a festa na tv? Ahahah muito bom!
Admiro que tenhas contado a verdade ao teu filho. Eu não gosto muito da história do pai natal. Acho que um dia que tenha filhos, prefiro contar-lhe a história do velhinho com barbas que dava brinquedos aos meninos pobres, e fazer disso um conto apenas. Eu pelo menos, não gostei nada quando descobri que era tudo mentira! Ainda bem que o teu filho não se preocupou muito com isso.
E não estás nada perdida, fez tudo sentido e gostei muito de conhecer a tua história.
Feliz Natal!
Olá Luísa,
EliminarA tua história é bem diferente... mas ainda bem que os teus Natais são mais alegres agora :)
Aqui também chamam couvada ou bacalhoada, mas couvada faz mais sentido, até porque há sempre mais couves do que bacalhau.
Boas Festas ;)
Bacalhoada - já aprendi mais uma. Aqui nunca lhe ouvi chamar nada de especial. É o bacalhau com couves, pronto!
EliminarEsqueci-me de referir que o arroz doce da minha mãe era e é o melhor do mundo. :)
ResponderEliminarEngraçado, posso jurar que todas as pessoas que conheço dizem o mesmo! Conheço até pessoas que só comem o arroz doce das mães.
EliminarMas olha que o da minha mãe também é muito bom!
Esqueci-me de referir mesmo não tendo um Natal tão nostálgico tive uma infância muito feliz. e também que recebia sempre um presente da empresa onde o meu pai trabalhava. Não sei se conhecem as minas da panasqueira. A Cátia conhece de certeza. Pois é naquela altura a Companhia ( era como chamavam) davam brinquedos aos filhos de todos os trabalhadores. Era bem porreiro.
EliminarNunca compreendi muito bem o porquê de nunca nos juntarmos com tios e primos. Ainda hei de perguntar a minha mãe. Na minha cabeça era porque nunca houve vinculo afectivo em relação nós. E acho que era porque o meu pai sempre bebeu muito. Sempre fomos postos de parte.Nunca fomos tratados por igual. Adiante, Deus não dorme.
Sabem que mais...
Fui criticada porque contei ao meu filho que não existe pai Natal. Prefiro a verdade que enganá-lo. Uma vez menti-lhe por alguma razão ao qual os pais fazem para enganar os filhos tipo como o pai natal. quando ele se apercebeu disse-me logo "2 mãe mentiste-me". Senti-me muito mal. E ainda me disse a minha teacher diz que devemos dizer sempre a truth ( metade português metade inglês). E como somos nós que nos esforçamos para lhes comprar o que eles pedem não acho justo que seja o pai natal a levar os louros. Assim é uma forma de perceber que os pais se esforçam e que o dinheiro custa a ganhar. Ele andava a pedir-me umas coisas e eu disse-lhe que tinha que guardar os trocos todos porque o presente dele ía ser caro. Nunca mais me pediu nada. Possivelmente estará convencido que será uma X-box. Mas engana-se. Mas acho que ficará contente com o que compramos.
Acho que devíamos fazer um outro post com experiências da nossa
infância.
Ah e ainda, já recebi o meu presente de Natal. O meu pai Natal é sempre bondoso comigo. Comprou-me o que pedi. Só nunca me compra livros. então tenho que oferecer a mim mesma.
EliminarE não é que o meu pequeno teve uma ideia genial quanto ao presente a oferecer ao pai!? Depois conto como correu.
o poder das mulheres :D
Eliminarbem fiquei curioso com a ideia do pequeno lince eheheh, e penso ser uma boa ideia uma mensagem sobre a nossa infância, tanto para contar :D
Olha caso queiras podes fazer :D
Olá Sofia. Bem, mas que texto tão bonito que me deixou nostálgico.
ResponderEliminarSem dúvida que o natal é das crianças, mas quem de nós não tem um bocadinho de criança dentro de nós?! Para mim o natal significa cor e calor, a cor das ruas e dos enfeites e o calor da lareira, dos afectos e da união. Natal é isto mesmo, a união da família. :-)
Agora que penso nisso... deixamos de viver o Natal quando perdemos essa criança. Depois voltamos a encontra-la quando a vida ganha significado e essa magia volta, não com a expectativa de receber, mas de dar. Pelo menos esta é a minha experiência.
EliminarEste mês ultimamente é sempre muito cansativo para mim, mas vale sempre a pena é uma renovação sempre.
Sim, é uma visão diferente. Ver uma criança feliz é sempre algo de rejuvenescedor, é ver uma estrela a brilhar.
EliminarEu não sou pai mas ainda mantenho uma criança dentro de mim (e não estou grávido) :P por isso continuo a gostar do Natal, de uma maneira diferente de quando era pequeno, mas para mim é sempre sinónimo de conforto e união.
É uma forma bonita de ver as coisas. Nunca me tinha lembrado disso.
EliminarDe certa forma, a maratona de filmes de Natal que estou a fazer é uma forma de procurar esse conforto que falas. Não tem estado assim tanto frio, os dias estão solarengos, há luzes na rua mas parece que está tudo errado. Já para não dizer que neve é para esquecer...Não sabe a Natal... E procurar um bom filme de Natal, enroscar-me numa manta quentinha e ir buscar uma caneca de chocolate quente é tão bom!
xD Não tens muito frio?! Se quiseres eu mando-te um bocadinho :)
ResponderEliminarEu por acaso não gosto nada de filmes de Natal :P
Ter até tenho. Isto aqui ainda é alto e é muito ventoso. Os dias até têm sido quentes mas as noites ficam geladas... Mas é um frio muito seco, é horrivel. Eu queria é aquele frio da neve :)
EliminarEu percebo, são sempre muito lamechas e parvos. Mas olha que os antigos que tenho visto são muito bons
Olá Sofia e olá Fiacha,
ResponderEliminarmais uma vez, uma excelente contribuição de um dos membros do clube! =)
Gostei muito de ler o teu texto, é bastante bonito e mostra a magia do Natal. Também acreditava no Pai Natal e mesmo sabendo que não é como pensava, sabe bem poder acreditar e sonhar. É um texto com um bocadinho de nostalgia e que me fez ser novamente criança, para viver aquela aventura das prendas e isso tudo. Mas nós crescemos e acredito que fica sempre um bocadinho da criança que fomos...um bocadinho ou mais do que isso! =D
Gostei muito da foto =D
Beijinhos!
Olá Miss Lamora!
EliminarFico muito feliz por o meu texto estar a despertar a nostalgia dos membros do clube. Era essa a ideia :)
Nós crescemos e ficam as recordações do tempo em que eramos ingénuos e acreditávamos no velho das barbas brancas. Eram bons tempos, sem dúvida.
Vá lá que até arranjei uma foto com neve :D
beijinhos!
Ois Lamora,
EliminarA Sofia já faz parte da familia ehehe e sem duvida que deu mais um excelente contributo :D
bjs