terça-feira, 2 de abril de 2013

Ana Vichenstein - A Feiticeira da Mente


Autor: Ana Crisóstomo
Colecção: Mundo Fantástico
Páginas: 302
Data de publicação: Setembro de 2010
Género: Ficção
Preço: 16 €
ISBN: 978-989-8389-72-5

Ana Vichenstein é uma adolescente de 15 anos de idade, órfã de mãe, que estuda no mesmo colégio desde os seus seis anos de idade. Excelente aluna, óptima cantora e dançarina e ainda uma excelente pessoa.
Tudo isto poderia ser comum a um grande numero de adolescentes, não fosse ela uma feiticeira da mente.
No mundo de Ana existem três categorias de feiticeiras, todas elas com as suas qualidades e as suas limitações: as feiticeiras da mente, os feiticeiros com mano-poderes (nas mãos) e as feiticeiras da varinha.
Não se pense que as feiticeiras conseguem ser aceites na sociedade. Eles vivem à margem, encobertos por detrás de um colégio comum, onde estudam tanto alunos feiticeiros como os outros não-feiticeiros. Durante o dia convivem entre si com aulas comuns. A partir da hora de saída dos alunos não-feiticeiros, as aulas de magia são leccionadas numa secção especifica do colégio.
Ana entrou naquele colégio sem saber a verdadeira razão. A sua mãe foi morta para a conseguir colocar naquele sítio a estudar. O seu pai divorciara-se da sua mãe ainda antes deste acontecimento fatídico. Encontra-se sozinha no mundo. Tudo parece correr bem até que alguns acontecimentos insólitos assolam a vida de Cascais, próximo da zona de Sintra onde fica o Colégio...
No meio de aulas, romance e desavenças, algumas intrigas e lutas serão travadas pelo meio, levando Ana a escolher entre dois lados de uma mesma realidade.
A sua lealdade e os seus princípios vão ser testados até o limite, podendo mesmo vir a sofrer com tudo isto.
Uma história do mundo do fantástico com partes hilariantes, românticas e até mesmo comoventes que levarão o leitor a querer ler até a última página.

Bem quem lê a Sinopse do livro fica com a ideia que o livro tem um enorme potencial e no fundo até tinha: feitiçaria, passado na zona de Sintra, local com muito potencial para este tipo de livro e tudo nos leva a crer que estamos perante uma personagem que tem tudo para se tornar interessante. A isto junta-se a luta de uma classe (feiticeiros) que lutam para que sejam reconhecidos na sociedade onde vivem e que podem colocar os seus poderes ao serviço da mesma.

Tudo falha quanto a mim e nem quero estar aqui a ir ao pormenor, penso que poderá eventualmente ser um livro que quanto muito satisfaça jovens até aos 10 anos no máximo, é que se formos a ver bem, hoje jovens com 13 a 14 anos já gostam de ler Tolkien, George Martin entre muitos outros. E a fantasia deve ser dos generos que mais puxam à imaginação, vale (quase) tudo.

Agora a publicação deste livro faz-me refletir sobre se temos boa fantasia em Portugal e se tudo deve ser aceite para ser publicado. 

Compreendo que a escritora tenha escrito o livro com toda a dedicação, empenho e acreditado no seu valor, submeteu o seu trabalho a várias Editoras e mediante determinadas condições (acredito que tenha sido isto que se tenha passado) o livro foi aceite e publicado.

A questão é, isso ajuda a melhor a qualidade dos nossos escritores em Portugal, seja ele em que género for ? Penso que um livro deve ser sempre alvo de leitura e de respetiva apreciação por parte de alguém entendido em determinado género literário, se o livro não tem qualidade deve ser dito de uma forma honesta ao escritor onde falha, o que deve melhorar e este tem que entender que é para o seu bem. Se ninguém faz este trabalho, nunca os jovens escritores, irão ser mais exigentes com o seu trabalho e com isto melhorar a qualidade. 

Custa-me imenso estar a fazer este comentário, afinal é o primeiro que faço da parceria da Chiado Editora, já li um livro publicado por eles que me agradou imenso e me fartei de o divulgar, A Vingança do Lobo do Vítor Frazão, que por acaso até vinha com muitos mais erros ortográficos que propriamente este livro, mas foi algo que adorei ler e que tinha um enorme potencial. Por outro lado e já aqui o provei a Chiado Editora promove imensos eventos, dando apoio aos seus escritores, acho perfeito dar oportunidade aos jovens escritores nacionais, mas penso que deviam refletir que como Editora também têm um papel importante para não só divulgar jovens escritores nacionais mas acima de tudo ajuda-los a que se tornem melhores escritores.

Sim aceito que isto seja um negócio, se possa funcionar como uma Editora vanity algo que percebi recentemente num comentário do escritor Anton Stark:

" [uma editora vanity é] uma editora que publica mediante um pagamento, ou seja, não há controlo de qualidade porque desde que uma pessoa tenha dinheiro para pagar a publicação e serviços editoriais, a editora faz o serviço. Existe também outro tipo de vanity, no qual a Chiado se insere, que não cobra aos seus autores pela edição, mas também não lhes paga a não ser com alguns exemplares (com cujo lucro os autores podem ficar se os conseguirem vender)."

Ajuda a melhorar a qualidade do que se publica em Portugal ?

Livros 12/2013 (Portugal) (5/10)

  

13 comentários:

  1. As questões levantadas são bastante pertinentes e devem ser debatidas.

    Publicar-se um livro apenas por ser apenas de um autor português é errado, se o mesmo não tiver qualidade, deve se fazer o que dizes, publicar com com responsabilidade. Mas acabas por dar resposta a tua pergunta sobre este livro: a Chiado é uma "espécie" de Vanity press.

    Mas a questão não termina aqui, mesmo na editoras "convencionais" publica-se muito ao "sabor da moda" sendo o único critério o lucro...

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    1. Ois Marco,

      Pois a leitura deste livro deu-me para refletir um pouco sobre o tema, até porque a fantasia em Portugal até foi tema de semana no grupo do FB.

      Claro que respeito quer o trabalho da escritora quer o trabalho da Editora, mas penso que se deve ajudar, também, a melhorar a qualidade do que se publica. Posso estar enganado mas este livro deve ter muita inspiração do Potter, mas está tão distante a nível de qualidade.

      Sem duvida eu por mim até nem tenho problemas em que se publique segundo as modas, desde que venham livros com qualidade. O Problema é que temos assistidos que essas modas acabam por asfixiar o que realmente é bom, em especial na fantasia, um género que acompanho mais, então na FC tem sido gritante o matar do que é bom.

      Penso que já fiz aqui alguns post sobre bons escritores nacionais, o próprio Anton Stark é um exemplo, mas penso que tem de haver alguém que ajude a melhorar o que por cá se publica e as Editoras, independentemente do negócio, são quem mais podem fazer pelo elevar da qualidade ;)

      E falar é fácil mas fazer é outra questão, sabes isso perfeitamente :)

      Abraço

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  2. Fiacha, quando se pagam 2500 euros (mais ou menos, dependendo de outros factores), para se editar um livro, não há muito que leve uma "editora" a recusar o manuscrito. No máximo é o escritor que recusa pagar tal quantia (que foi o que eu fiz).

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  3. Que é mais fácil falar do que fazer, já todos sabemos, alias Portugal é um pais de faladores, mas de pessoas que pouco agem, por isso louvo a tua coragem de colocar o dedo na "ferida".

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    1. Ois marco,

      Como sabes por muito boa vontade que um Editor possa ter em publicar Pharmer, Dick, Ursula Le Guin, Jack Vance, Gene Wolfe, Zelazny, Gammel e muitos outros quem vai comprar ?

      Já viste por exemplo o que está a acontecer na Bang, ainda Martin vai ajudando, não basta ter boa vontade de querer publicar o que é bom não é fácil, quem compra ?

      Onde está Guy Gavriel Kay, Scott Lynch, Frank Herbert, Simmons, etc..é por ai amigo ;)

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  4. Ois Leto,

    Bem não tinha ideia desses valores, mas lá está é um serviço e só aceita quem quer. Claro que que paga esses valores acredita que o que escreveu tem valor e acredita que merece, mas tem que perceber também que alguém vai ler os seus livros, tem que ter no mínimo qualidade. Não sei se são esses os valores envolvidos no caso mas acho muito bolas.

    Bem eu que já li o teu primeiro livro, em e-book é muito superior, na minha opinião claro, ao livro da Ana Crisóstomo, e deixas as coisas bem preparadas para os livros seguintes, é que não tem nada a ver.

    O teu caso sim, podia ser uma mais valia para ambos, apoiava-se um escritor jovem nacional e com qualidade.

    Compreendo o papel da Editora, só acho que podia fazer um pouco mais para elevar a qualidade do que se publica, seria benéfico para todos.

    Bjs

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  5. Não me parece que possa acrescentar muito mais ao que já foi aqui falado e comentado. Mas claro que é complicado vermos que existem editoras que agem desta forma.
    Há livros bons lá fora quer a nível da fantasia, quer a nível da FC e que acabam por não entrar no mercado nacional e de pois assistimos a situações destas.
    Eu sei que uma editora tem sempre de ter os livros que se vendem, mas paralelamente a estes podiam investir em outros bem melhores.
    Agora, um escritor ter de pagar essas quantias para publicar um livro, parece-me completamente disparatado. Além de nem há uma triagem na qualidade do mesmo!

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  6. Olá Caminhante,

    Sei que é algo complicado quem se esforça por escrever um livro, tem todo o processo criativo e depois ainda tem que pagar para ver os seus trabalhos publicados, mas lá está tem que escrever algo muito bom para um Editora publicar o seu livro e isso só torna as coisas mais exigentes.

    Neste caso é um serviço, sem olhar à qualidade é ai que não acho bem, mas como se sabe as Editoras é funcionam como uma empresa e no fundo neste universo de livros quem ainda leva o bolo maior são as livrarias, que no fundo cedem um espaço para divulgar e vender os livros :D

    Quanto ao haver muita qualidade a nível de livros de FC e fantasia lá fora, é complicado e até como o Marco referiu as Editoras tem que seguir as tendências e não o que gostavam de ver publicado, se é as 50 sombras que está a vender que remédio tem em investir também nesse género de livro.

    Mas fazendo um pequeno exercicio, imagina aparecer um editora nova, que sabe ou tem quem lhe apoie a informar o que de bom lá fora existe, decide por exemplo publicar Jack Vance (tão recomendado por George Martin).

    Tem que pagar direitos de autor, tradução, elaboração de capa, etc, etc e depois faz o que publica 1000 livros ?

    Conseguirá ele fazer chegar ao publico o que é bom e de que forma ? Não quero desmotivar ninguem, mas reconheço não ser algo tão simples quando acima de tudo quem decide o que vende é os leitores que ou por campanhas de Marketing ou de outra forma não gostam destes mundos mais complexos e interessantes.

    Nada como irmos divulgando bons livros de FC, pelo menos aqueles que por cá já estão publicados e acreditar que ainda venha uma editora e mude o estado atual ;)

    Bjs

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  7. Amigo Fiacha então vamos fazer um pequeno exercício teórico: o que achas que aconteceria se as editoras passem apenas a publicar apenas os livros "bons"? Deixariam os leitores de comprar livros o passavam a consumir o que havia? Heis uma boa questão!

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  8. Ois Marco,

    não percebi se estás a referir ao meu comentário de cima ou a outra questão.

    Seja como as Editoras editam o que lhes dá lucro, é normal que assim aconteça. Se tem que acompanhar o que os leitores preferem acabam por respeitarem o que os leitores gostam certo ? Custa é ver que no meio de tanta coisa má que atualmente se publica, no meu entender e claro sempre respeitado a vontade dos leitores, comeces a ter mais dificuldade em encontrar coisas boas, mas ainda aparecem, felizmente.

    E isso que referes como é óbvio é sempre relativo, mas olhando só a FC, uma Editora apostar nessa área é como viste complicado conseguir vencer :)



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  9. Olá Fiacha,

    Gostei de sua resenha e opinião, ao meu ver,e a princípio o livro resenhado me atraiu, gostaria sim de ler tal livro. Mas não me sinto confortável, em dizer se em Portugal há ou não a produção de livros de qualidade, realmente vou omitir minha opinião, pois acho anti-ético da minha parte falar de algo q eu AINDA não conheço e que é de um outro país. Dos autores de Portugal que li e gostei, são os livros de José Saramago, q ao meu ver, valem à pena até ser relidos de tão bons. Então fico por, apenas ratificando q gostaria de ler o livro q vc resenhou, ao meu ver realmente parece interessante!
    bjs e boas leituras

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  10. Ois Amanda,

    Se não fosse tão caro enviar livros para o Brasil, até te o oferecia, já sabes se um dia vieres de férias a Portugal é teu :D

    Há bons escritores por cá sem a menor duvida ;)

    Bjs

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  11. Gostei imenso do post. Já agora quero aproveitar que isto é um blog de escritores e convidá-los a visitar a minha página "Conselhos Para Jovens Escritores" (http://trishmorais.blogspot.pt/)

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