Sinopse:
“Estamos em 1902, cinco anos depois da Invasão Marciana, que quase destruiu por completo o nosso planeta. Para responder ao assalto, a Europa, Rússia e Estados Unidos esqueceram as divergências ideológicas, étnicas e económicas, e formaram o mais gigantesco complexo militar-industrial da história da humanidade. Missão: ocuparem Marte e mostrarem aos marcianos sobreviventes quanto custa atacar traiçoeiramente a espécie humana. Num dos assaltos, os jornalistas Jules Verne e H. G. Wells, pacifistas por natureza, sonhadores de uma utopia não sabem o que fazer. Ainda por cima naufragaram no hemisfério sul do planeta a milhares de quilómetros do local de poiso do exército terrestre. As perguntas parecem não ter resposta: Que criaturas são essas, os Priiiiik, espécie de avestruzes inteligentes que parecem ter sido escravizadas pelos polvos? Verne e Wells vão tentar em vão resolver o mistério. Infelizmente a resposta só virá cento e cinquenta anos mais tarde. Misto dos géneros ciberpunk e steampunk, este livro revela uma nova faceta de João Barreiros no seu humor mais negro.”
“Estamos em 1902, cinco anos depois da Invasão Marciana, que quase destruiu por completo o nosso planeta. Para responder ao assalto, a Europa, Rússia e Estados Unidos esqueceram as divergências ideológicas, étnicas e económicas, e formaram o mais gigantesco complexo militar-industrial da história da humanidade. Missão: ocuparem Marte e mostrarem aos marcianos sobreviventes quanto custa atacar traiçoeiramente a espécie humana. Num dos assaltos, os jornalistas Jules Verne e H. G. Wells, pacifistas por natureza, sonhadores de uma utopia não sabem o que fazer. Ainda por cima naufragaram no hemisfério sul do planeta a milhares de quilómetros do local de poiso do exército terrestre. As perguntas parecem não ter resposta: Que criaturas são essas, os Priiiiik, espécie de avestruzes inteligentes que parecem ter sido escravizadas pelos polvos? Verne e Wells vão tentar em vão resolver o mistério. Infelizmente a resposta só virá cento e cinquenta anos mais tarde. Misto dos géneros ciberpunk e steampunk, este livro revela uma nova faceta de João Barreiros no seu humor mais negro.”
Opinião:
Este é um livro que tem, na verdade, duas vidas. Mais do que nos dar duas histórias, ele mostra-nos duas versões de uma mesma história, como se ela fosse vivida por diferentes pessoas, em tempos diferentes. A sinopse da editora dá uma grande ênfase à primeira, mas penso que ela só faz sentido se lermos também a segunda. São como duas “irmãs”, que por vezes se tocam, por vezes andam em paralelo, outras vezes parecem “circulares”, como se o João Barreiros estivesse a brincar com o tempo.
Embora as duas versões não tenham que ser lidas pela ordem apresentada - “Não Estamos Divertidos” primeiro e “A Verdadeira Invasão dos Marcianos” depois - como sou uma menina bem comportada, foi isso que eu fiz.
Parti para este livro com grandes expectativas. É certo que queria conhecer um pouco da obra do João Barreiros, mas esperava, acima de tudo, que pudesse ter aquilo que habitualmente gosto de ter num livro: bons momentos de entretenimento e alguma reflexão. E posso afirmar que me senti amplamente recompensada!
Estamos perante uma grande ideia que está muito bem desenvolvida, que nos faz pensar e, ao mesmo tempo, diverte, e cuja escrita, irónica, direta (algo “seca”, até), nos envolve. Apesar das personagens serem humanamente algo desagradáveis (não é fácil sentir empatia por elas), a trama é bastante cativante. Este é um daqueles raros livros em que, não sentindo verdadeiramente ligação com nenhuma daquelas personagens, senti-me sempre motivada a continuar a leitura!
E eu deixei-me levar! E por vezes dei por mim em caminhos bem estranhos! Por exemplo, ao ler sobre uma certa e determinada raça, imaginei logo o resultado de um acasalamento louco entre a Leopoldina do Continente, e o Poupas, da Rua Sésamo! Mesmo hoje, a recordar essa imagem, não consigo deixar de me rir!
E, na segunda parte, não consegui evitar deliciar-me com a personagem do Dr Goodfellow e as suas rebeldias, dando por mim a rir interiormente, de cada vez que ele “dava a volta por cima”. Lembro-me particularmente da cena em que ele destruiu parte da sua cidade, num acto desenfreado de desafio e criatividade…. De repente, era eu que estava aos comandos daquela máquina infernal, a lançar raios em todas as direcções, e do prazer quase perverso que isso me estava a dar… he he! Genial! Até deixei escapar um muito teenager comentário: “que cena altamente!!!”
Entusiasmo à parte, tenho noção que minha experiência de leitura foi limitada, pois o livro vive muito das várias referências aos nomes maiores da FC, às suas obras e personagens. Conhecia já os nomes de Verne, Wells, Burroughs e Bradbury, mas, tendo lido apenas o primeiro, e pouco, certamente muitas referências me passaram ao lado, sobretudo as mais subtis, que deverão fazer as delícias de quem é conhecedor. Este é um dos grandes trunfos do livro: se até uma leiga como eu em matéria de FC o consegue apreciar, imagino um fã do género!
Para acrescentar a todas estas qualidades, há ainda um detalhe importante: estamos perante não só um excelente livro único (mais uma prova de que uma boa história não tem, necessariamente, que ser uma série, ou uma trilogia), mas também um livro que tem o tamanho adequado – os calhamaços têm tendência a assustar alguns leitores, e, sobretudo, algumas carteiras!
Resumindo: não sou fã de FC, sou fã de um livro que “agarre” e que perdure na memória, e este é excelente nestas duas coisas. Além disso, é um livro que quero reler, assim que me tenha esquecido dos pormenores e, dessa vez, para ser também eu um bocadinho de Goodfellow, vou ser do contra e começar pela última parte. :)
Embora as duas versões não tenham que ser lidas pela ordem apresentada - “Não Estamos Divertidos” primeiro e “A Verdadeira Invasão dos Marcianos” depois - como sou uma menina bem comportada, foi isso que eu fiz.
Parti para este livro com grandes expectativas. É certo que queria conhecer um pouco da obra do João Barreiros, mas esperava, acima de tudo, que pudesse ter aquilo que habitualmente gosto de ter num livro: bons momentos de entretenimento e alguma reflexão. E posso afirmar que me senti amplamente recompensada!
Estamos perante uma grande ideia que está muito bem desenvolvida, que nos faz pensar e, ao mesmo tempo, diverte, e cuja escrita, irónica, direta (algo “seca”, até), nos envolve. Apesar das personagens serem humanamente algo desagradáveis (não é fácil sentir empatia por elas), a trama é bastante cativante. Este é um daqueles raros livros em que, não sentindo verdadeiramente ligação com nenhuma daquelas personagens, senti-me sempre motivada a continuar a leitura!
E eu deixei-me levar! E por vezes dei por mim em caminhos bem estranhos! Por exemplo, ao ler sobre uma certa e determinada raça, imaginei logo o resultado de um acasalamento louco entre a Leopoldina do Continente, e o Poupas, da Rua Sésamo! Mesmo hoje, a recordar essa imagem, não consigo deixar de me rir!
E, na segunda parte, não consegui evitar deliciar-me com a personagem do Dr Goodfellow e as suas rebeldias, dando por mim a rir interiormente, de cada vez que ele “dava a volta por cima”. Lembro-me particularmente da cena em que ele destruiu parte da sua cidade, num acto desenfreado de desafio e criatividade…. De repente, era eu que estava aos comandos daquela máquina infernal, a lançar raios em todas as direcções, e do prazer quase perverso que isso me estava a dar… he he! Genial! Até deixei escapar um muito teenager comentário: “que cena altamente!!!”
Entusiasmo à parte, tenho noção que minha experiência de leitura foi limitada, pois o livro vive muito das várias referências aos nomes maiores da FC, às suas obras e personagens. Conhecia já os nomes de Verne, Wells, Burroughs e Bradbury, mas, tendo lido apenas o primeiro, e pouco, certamente muitas referências me passaram ao lado, sobretudo as mais subtis, que deverão fazer as delícias de quem é conhecedor. Este é um dos grandes trunfos do livro: se até uma leiga como eu em matéria de FC o consegue apreciar, imagino um fã do género!
Outro dos pontos fortes do livro é a sua dupla natureza.
Tem, por um por lado, uma vertente mais lúdica, para quem pura e simplesmente procura desfrutar de uma boa história. Por outro lado, tem uma face mais séria, que nos leva a reflectir, numa espécie de sátira sócio-cultural mordaz – presente sobretudo na segunda história, que me trouxe à memória a cruzada do Sr. Barreiros contra a manipulação dos hábitos de leitura, contra a tirania tendenciosa do mercado editorial. Esta é uma obra que reflecte esta sua filosofia, mostrando-nos o João Barreiros de intervenção, e não apenas o (re)criador de mundos.Para acrescentar a todas estas qualidades, há ainda um detalhe importante: estamos perante não só um excelente livro único (mais uma prova de que uma boa história não tem, necessariamente, que ser uma série, ou uma trilogia), mas também um livro que tem o tamanho adequado – os calhamaços têm tendência a assustar alguns leitores, e, sobretudo, algumas carteiras!
Resumindo: não sou fã de FC, sou fã de um livro que “agarre” e que perdure na memória, e este é excelente nestas duas coisas. Além disso, é um livro que quero reler, assim que me tenha esquecido dos pormenores e, dessa vez, para ser também eu um bocadinho de Goodfellow, vou ser do contra e começar pela última parte. :)